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A maior unidade da linguagem

O Diário - 28 de dezembro de 2024

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais - literatura, artes e mídias digitais.

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais

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Assumir que a palavra é a menor unidade de sentido ajuda a entrever a complexa extensão da linguagem. Por sua vez, e sumariamente, conclui-se que a maior grandeza recai mesmo sobre o texto. Isso porque o texto é, sem dúvida, a maior unidade de funcionamento da linguagem. É por meio dele que se apreende significados e efeitos comunicativos produzidos entre interlocutores. Logo, cada discurso é em si uma peça direcionada a um público sobre certo assunto.

Texto é um todo de significado. Dito isso, coerência e coesão são muito importantes para que ele seja efetivamente compreendido. Se o texto faz sentido, certamente, ele foi escrito de forma coerente, ou seja, há nele um sentido global que se assimila de forma fluida, natural. Por outro lado, a percepção de um texto coerente passa antes pela ideia de coesão, que abrange as relações entre os elementos linguísticos, isto é, palavras, termos, entre outros.

Contexto. É ele quem determina a forma, a estrutura e o conteúdo de um texto. Até porque um texto jamais existe de forma isolada. Sendo a maior unidade de funcionamento da linguagem, ele sempre abre diálogo com outros. Ademais, um texto é sempre circunstanciado! Fato é que a sua condição de existir visa atender a objetivos concretos do usuário de uma língua natural, como é o português. Em outras palavras, o que se diz é geralmente produzido para atingir objetivos específicos.

Intencionalidade. Se ela pode ser dita ou escrita a fim de compor um todo de sentido, o texto se adapta às necessidades comunicativas de quem o produz. Diz respeito a produzir sentido, uma ideia a ser defendida, sem se esquecer da forma e do modo de se comunicar. Nesses termos, toda forma de texto é naturalmente uma prática social dialógica, que surge da relação entre a pessoa que diz e aquela que a interpreta.

Portanto, o texto é um produto no qual aspectos como coesão, coerência, interação, intencionalidade e função social podem ser observados. Aliás, ele pode ser reconhecido como tal quando se atinge o objetivo de construir significados dentro de um contexto. Em suma, texto é antes intenção, às vezes pouco evidente, mas que se apresenta, via de regra, coeso e coerente na sua forma. De modo que ele é capaz de cumprir absolutamente a sua função social, ao ser meio de interação, nem sempre entre iguais.

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais - literatura, artes e mídias digitais.