Ao Ecoar do Vazio: Um Réquiem ao Meu Pai
O Diário - 13 de agosto de 2024
Ao Ecoar do Vazio: Um Réquiem ao Meu Pai
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Pai,
Em teu partir, o mundo inclinou-se para um silêncio sombrio, onde cada sombra reflete uma faceta tua, cada sussurro do vento carrega o timbre de tua voz. A ausência deixada por ti é um abismo onde as palavras tentam ecoar, mas falham em preencher.
Tu foste o arquiteto de auroras, tecendo esperança nos teares da noite, pintando o céu de possibilidades com o pincel da tua presença indelével. No campo verdejante, cada tacada era uma estrofe de um poema maior sobre a vida, e nos corredores do hospital, cada gesto teu desenhava a humanidade em sua mais pura forma.
Agora, na quietude de um mundo sem ti, busco teu reflexo nos espelhos do tempo, nas águas calmas dos lagos onde antes caminhávamos juntos. Tua sabedoria, uma tapeçaria intrincada, continua a cobrir-me, uma herança mais valiosa que o ouro, mais duradoura que o mármore.
Prometo ser o guardião de teu legado, o contador de tuas histórias, o portador de tua luz em um mundo que agora parece frequentemente obscurecido. Em cada ato de bondade, em cada palavra de conforto que ofereço, és tu que ressoa, a perpetuar a melodia de tua vida através das minhas ações.
Vives em mim, nas veias que conduzem minha jornada, nas células que compõem minha existência. Tuas convicções, firmes como carvalhos, guiam-me através das tempestades de dúvida, e tua força, um farol incessante, ilumina meu caminho nas noites mais escuras.
Que as estrelas sejam teu repouso, o universo teu abraço final. Até que os rios do tempo nos reúnam, seguirei adiante, levando teu espírito como um estandarte, celebrando a eternidade de nosso laço inquebrável.
Com todo amor, teu filho que ainda caminha sob teu olhar invisível.
Eduardo Petrov