(Por: Dom Milton Kenan Jr)

Os fariseus, para colocar Jesus à prova, fazem-lhe uma pergunta. Desta vez a questão é importante, pois, na época de Jesus, colocava as mulheres numa condição muito inferior aos homens e acabava por legitimar muitas das suas desventuras.

A questão não se refere ao divórcio moderno como o conhecemos hoje, e sim a situação em que se achava a mulher judia no matrimônio, totalmente submissa e controlada pelo homem. Segundo a Lei de Moisés, o marido podia romper o contrato matrimonial e expulsar a esposa de casa. Já a mulher, em tudo subordinada ao marido, não podia fazer a mesma coisa.

A resposta de Jesus surpreende a todos. Ele não aborda as discussões dos rabinos. Convida a descobrir o projeto original de Deus, que está acima das leis e normas. Jesus diz que esta lei machista prevaleceu no povo judeu por causa da dureza do coração dos homens, que dominavam as mulheres e as submetiam às suas vontades.

Jesus diz que Deus “criou-os homem e mulher”. Ambos foram criados em pé de igualdade. Deus não criou o homem para mandar na mulher, nem criou a mulher para viver submetida ao marido. Entre homens e mulheres não pode haver dominação e submissão de qualquer espécie.

Homens e mulheres haverão de unir-se para “ser uma só carne” e iniciar uma vida de entrega mútua, sem imposição nem submissão.

Deus, ao nos criar homem e mulher, pensou na comunhão de vida que poderá surgir desta união. Não se trata de um assumir a função do outro, nem se trata de um se sentir superior ou inferior ao outro. Ambos foram criados por Deus para se completarem mutuamente e, numa atitude de respeito e doação recíprocas, tornarem-se no mundo imagem do amor de Deus que, por meio do seu Filho, estabeleceu uma aliança irrevogável com a humanidade.

Hoje, mais do que nunca, precisamos relembrar que, unidos pelos laços do matrimônio, o casal tem a possibilidade e deve, já neste mundo, conquistar a felicidade que lhe está assegurada no céu. Quantos casais que abraçaram o plano de Deus para suas vidas, construíram famílias felizes e não trocam por nada a fidelidade que vivem na entrega mútua e no amor de um pelo outro.