Donald Trump e a bomba iraniana
danilo-pimenta-serrano - 27 de novembro de 2024
DANILO PIMENTA SERRANO é advogado e professor universitário
Compartilhar
Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Ainda que a sua vitória não tenha sido uma surpresa, a larga vantagem obtida pelo republicano surpreende. Chama a atenção também que Trump também conseguiu eleger uma câmara e um senado de maioria republicana, e ainda conta com uma Suprema Corte majoritariamente conservadora. Nesse cenário, o novo presidente terá um cenário extremamente favorável para governar.
Como líder da maior potência econômica e militar da atualidade, as decisões de Donald Trump terão impacto profundos no cenário geopolítico mundial. Se, de um lado, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem motivos de sobra para se preocupar, com a provável redução da ajuda norte-americana ao esforço de guerra ucraniano, o primeiro ministro israelense Binyamin Netanyahu certamente comemorou a vitória de seu aliado, que tende a dar “carta branca” ao israelense na condução da guerra no oriente-médio.
É aí que entra a questão iraniana. Não é segredo que o regime dos aiatolás está em um estágio avançado no desenvolvimento de sua bomba nuclear. Ainda que ao longo dos anos Israel conseguiu retardar o programa nuclear iraniano, a sua marcha nunca cessou, e especialistas apontam que é uma questão de pouco tempo até que os iranianos testem uma bomba nuclear. É inegável que se isso realmente acontecer, será um novo e perigosíssimo fator de instabilidade para o belicoso arranjo geopolítico do oriente médio.
Com a recente escalada do conflito entre Irã e Israel, o Estado Judeu teve a “oportunidade perfeita” para atacar diretamente instalações nucleares iranianas, e somente não o fez, acredito, em razão de uma fortíssima pressão da Casa Branca, comandada por Joe Biden. Com Trump presidente, provavelmente essa pressão contrária não existirá, e Israel terá o caminho livre para agir militarmente contra as instalações nucleares iranianas, e assim destruir as chances dos aiatolás conseguirem a bomba nuclear – ou ao menos atrasar em anos esse objetivo.
A leniência do ocidente com o Kim Jong Um permitiu que a Coreia do Norte conseguisse a sua bomba, e, se essa postura se repetir com o Irã, em breve o regime xiita também terá o seu artefato nuclear, e o mundo dará um passo grande rumo a um futuro ainda mais instável.
DANILO PIMENTA SERRANO É ADVOGADO E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO