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Existem muitos tipos de escravidão

Diocese de Barretos - 27 de agosto de 2024

Existem muitos tipos de escravidão

Existem muitos tipos de escravidão

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(Por: Papa Francisco, setembro, 2018)

Na catequese de hoje voltamos a falar do terceiro mandamento, sobre o dia do repouso. O Decálogo, promulgado no livro do Êxodo, é repetido no livro do Deuteronômio de modo quase idêntico, com a exceção desta terceira Palavra, onde temos uma diferença preciosa: enquanto no Êxodo o motivo do repouso é a bênção da criação, no Deuteronômio, ao contrário, ele comemora o fim da escravidão. Neste dia o escravo deve descansar como o patrão, para celebrar a memória da Páscoa de libertação.

Com efeito, por definição os escravos não podem descansar. Mas existem muitos tipos de escravidão, tanto exterior como interior. Há constrições externas, como as opressões, as vidas raptadas pela violência e por outros géneros de injustiça. Além disso, existem as prisões interiores que são, por exemplo, os bloqueios psicológicos, os complexos, os limites carateriais e outros. Existe descanso nestas condições? Um homem preso ou oprimido pode permanecer, contudo, livre? E uma pessoa atormentada por dificuldades interiores, pode ser livre?

Com efeito, há pessoas que até na prisão vivem uma grande liberdade de espírito. Pensemos, por exemplo, em São Maximiliano Kolbe ou no Cardeal Van Thuan, que transformaram obscuras opressões em lugares de luz. Assim como há pessoas marcadas por grandes fragilidades interiores que, contudo, conhecem o repouso da misericórdia e sabem transmiti-lo. A misericórdia de Deus liberta-nos. E quando nos deparamos com a misericórdia de Deus, temos uma grande liberdade interior e somos também capazes de a transmitir. Por isso, é muito importante abrir-nos à misericórdia de Deus para não sermos escravos de nós mesmos.

Portanto, o que é a verdadeira liberdade? Consiste, porventura, na liberdade de escolha? Certamente, esta é uma parte da liberdade, e engajamo-nos para que seja garantida a cada homem e mulher (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. Past. Gaudium et spes, 73). Mas bem sabemos que fazer o que desejamos não é suficiente para ser verdadeiramente livres e nem sequer felizes. A verdadeira liberdade é muito mais!

Com efeito, há uma escravidão que acorrenta mais do que uma prisão, mais que uma crise de pânico, mais que uma imposição de qualquer tipo: trata-se da escravidão do próprio ego. Aqueles que se espelham o dia inteiro para ver o ego. E o próprio ego tem uma estatura mais alta do que o próprio corpo. São escravos do ego.