Ezequiel profetiza para uma corja de rebeldes
Diocese de Barretos - 20 de setembro de 2024
Ezequiel profetiza para uma corja de rebeldes
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Quando Nabucodonosor invadiu Jerusalém em 597 a.C., muita gente foi exilada. Entre estes, encontramos Ezequiel, sacerdote contemporâneo de Jeremias, que foi deportado para a Babilônia junto com o rei Joaquim (Jeconias), um pouco antes da destruição da capital (cf. 2Rs 24,12-16). Sua atividade primeira era a de sacerdote. Só na Babilônia, exilado, é que o Senhor resolveu chamá-lo a ser profeta. A descrição dessa vocação ocorre, provavelmente, por volta de 593 A.C., começa com uma visão, em um estilo eminentemente apocalíptico:
“Quando vi, caí prostrado, e ouvi uma voz de alguém que falava. Ele me disse: ´Filho do homem, põe-te de pé! Quero falar contigo!´ Logo que ele me falou, entrou em mim um espírito e me pôs de pé. Então eu ouvi, quem me falava, dizer: ´Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes que se revoltaram contra mim. Eles e seus pais se sublevaram contra mim até o dia de hoje. A estes filhos de testa dura e coração empedernido, é que eu te envio. Tu lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus. Quer te escutem, que não – pois são uma corja de rebeldes – ficarão sabendo que houve um profeta entre eles (1,28–2,1-5);
A profecia de Ezequiel durou cerca de vinte e dois anos (593 a 571 a.C). É um dos profetas (junto com o Dêutero-Isaías e Daniel) do tempo do cativeiro. Ele profetizou antes e depois da destruição de Jerusalém, verificada em 587 a.C. Quando começou a profetizar, o trabalho de Jeremias entrava em declínio (628-586 a.C). Após Exequiel, ainda no tempo do exílio, tivemos o Dêutero-Isaías (550-540 a.C).
O livro de Ezequiel é muito interessante. Se de um lado ele narra os horrores do exílio e denuncia os pecados do povo, de outro, ele apresenta imagens, como nenhum outro, a respeito de libertação e da providência de Deus junto a Israel, daquele período e dos tempos messiânicos. Os gêneros apresentados são a narrativa histórica, os oráculos proféticos, os gnomas morais e algumas inserções apocalípticas.
No meio da tribulação, aturdido com a perda de referenciais políticos, sociais e religiosos, o povo consultava o profeta, para saber as reais causas de tanto sofrimento. Embora alguns não quisessem atribuir a seu comportamento a incidência daquela tragédia, muitos imaginavam que o sofrimento presente tinha raízes na idolatria e no fato de o povo haver abandonado a berît (bênção) com Javé.
O profeta busca na infidelidade do povo a explicação para tanta miséria. O que era uma previsão feita pelos “clássicos” (pré-exílicos) torna-se, no desterro, uma aterrorizante realidade (Trecho do livro “Os Profetas de Israel”, de Antônio Mesquita Galvão).