O lazer é um direito humano fundamental e irrenunciável
Diocese de Barretos - 20 de agosto de 2024
O lazer é um direito humano fundamental e irrenunciável
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Na história da Igreja, encontramos muitos santos que souberam dar o devido valor ao lazer e ao descanso. O grande prazer de São Francisco de Assis (1182-1226), por exemplo, era contemplar a beleza de Deus, refletida em todas as criaturas, às quais chamou de “irmãs” no famoso cântico que compôs. São João Bosco (1815-1888) gostava de fazer passeios com os jovens durante o outono, tanto para contemplar a natureza quanto para peregrinar pelos santuários dos vilarejos e cidades de sua região na Itália. Em nosso tempo, o jovem Karol Wojtyla (1920-2005) dedicava horas ao teatro e, mais tarde, como Papa João Paulo II, gostava de caminhar nas montanhas e esquiar na neve nos meses de férias.
Tanto para o homem daquela época como para o do nosso tempo, as narrativas bíblicas, a vida dos santos e os ensinamentos da Igreja trazem esta importante mensagem: para recuperar a harmonia original da obra divina, o ser humano precisa de momentos em que possa interromper sua rotina de trabalhos – muitas vezes exaustiva – a fim de descansar e usufruir dos frutos de seu empenho e de tantas belezas que o próprio Deus lhe confiou para cuidar e contemplar. Isso confere equilíbrio à vida em todas as dimensões (corpórea, psíquica e espiritual), sobretudo num mundo tão tumultuado e complexo como vemos atualmente.
Em sua origem, a palavra “lazer” deriva do latim “licere”, que significa “ser lícito” ou “ser permitido”. É, de início, um direito humano fundamental e irrenunciável. Depois, o lazer verdadeiro é aquele que promove o bem da pessoa (de si e dos outros) e contribui para a qualidade de vida. Em seguida, ainda, abre espaço para a criatividade na busca de meios que permitam relaxar das tensões rotineiras de modo justo e saudável.
Lazer implica nossa capacidade de mudar nossa atividade e/ou nosso ambiente, de romper com o ritmo acelerado e exigente dos empenhos escolares e do ofício. Isso inclui ouvir uma música, participar de uma festa, confraternizar-se com os amigos, praticar um esporte, ler bons livros, assistir a coisas interessantes, visitar lugares diferentes num passeio ou viagem, cultivar o silêncio, comer algo saboroso. Para que o lazer seja efetivo, é necessário que ele esteja aliado ao descanso, pois, do contrário, não cumpre sua real finalidade. Por exemplo, não convém deixar de dormir suficientemente para somente viver em baladas e festas, ou presos às redes sociais.
O domingo, para nós cristãos, é o “dia do Senhor” e, portanto, um meio privilegiado de descanso. Nele, saboreamos a vida junto à família e à comunidade na igreja. E temos ainda o descanso anual, que chamamos de férias, escolares ou trabalhistas. A Organização Mundial do Trabalho insiste que não se caia num trabalho exaustivo que rouba as forças dos trabalhadores, vindo a prejudicar as próprias empresas contratantes (Laços de Fé e Vida, CNBB).