Oi Santa, a Casa pode cair
O Diário - 22 de setembro de 2024
Luiz Carlos Messias é jornalista
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A Santa Casa de Barretos está na mira do tiro, nessa campanha eleitoral. Recebe ataques daqui e dali sem esboçar qualquer reação. Não tenho procuração, não sou assessor de imprensa da instituição, mas tomo a iniciativa de um depoimento pessoal.
Esse debate mais esconde do que revela a realidade. Frequento a Sta. Casa três vezes por semana, onde permaneço pelo menos por cinco horas.
Mesmo ligado a uma máquina de hemodiálise, ouço os comentários e queixas dos trabalhadores e trabalhadoras (são maioria, a propósito). O maior temor delas e deles é que volte a insegurança dos atrasos nos salários, situação que era frequente nas gestões anteriores à da Fundação Pio XII.
Outro temor é volte a faltar insumos básicos para atendimentos corriqueiros, como suturas, curativos, soro e medicamentos de uso cotidiano. Dizem os trabalhadores que desde que a Fundação assumiu a gestão da Santa Casa, os salários nunca mais atrasaram e nunca falta o material e medicamentos de uso hospitalar, como constato rotineiramente na hemodiálise.
Resumindo, os funcionários morrem de medo da volta de uma gestão de amadores, mesmo quando imbuídos da maior boa vontade.
Outra observação pessoal: não vejo na Sta. Casa movimentos típicos de um hospital escola. Os médicos que lá trabalham são, na maioria, jovens, mas todos bem formados e especializados. Cumprem horário e estão sempre disponíveis, além de atenderem com carinho e presteza. São muito humanos.
Vejo com frequência grupos de estudantes de medicina visitando diferentes setores da Sta. Casa, sempre acompanhados de médicos do hospital que lhes mostram equipamentos, explicam procedimentos e esclarecem dúvidas. São estudantes e não atuam como médicos.
Sobre a “expulsão” dos médicos antigos, queixa que se ouve com frequência na cidade, o que percebo é que talvez esses profissionais não mais puderam usar as instalações, pessoal e recursos da Sta. Casa. Como se ouvia aqui e ali, antes da intervenção determinada pelo Ministério Público, alguns profissionais faziam da Santa Casa verdadeira extensão dos seus consultórios particulares.
Vejo também com frequência grupos de alunos e alunas do Senac e da Faculdade Barretos fazendo estágios supervisionados em setores da Sta. Casa. São estudantes de cursos de enfermagem tomando contato com a prática profissional. Alguns deles serão futuramente contratados para o quadro de colaboradores, com certeza.
Para concluir, diariamente operários trabalham na manutenção do prédio, extremamente deteriorado pelos muitos anos sem manutenção. Muitos espaços já foram completamente reformados, num padrão de alto nível de qualidade dos materiais empregados, como se exige de um prédio hospitalar.
Pelo que observo, em geral os pacientes têm tratamento equânime, sem privilégios, sem ter que pagar “por fora” para serem internados e tratados. A Sta. Casa ainda precisa melhorar muito, sem dúvida, mas está sendo muito bem administrada.
Luiz Carlos Messias é jornalista