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Síndrome da Invulnerabilidade Médica

O Diário - 22 de junho de 2022

Síndrome da Invulnerabilidade Médica

Nícolas Hammad Rüdinger, estudante do 5º período do curso de medicina da FACISB, orientado pelo prof. Marcos Lázaro Prado

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Em meio a constantes situações de estresse, o médico, como qualquer outro ofício, pode desenvolver algumas complicações no exercício da sua profissão, sendo uma delas a Síndrome da Invulnerabilidade Médica.

Por definição, ela se caracteriza pela convicção de que os problemas pessoais e familiares, as complicações e as doenças que afetam outras pessoas não podem afetá-lo diretamente. Isso é facilmente percebido em médico fumante, ou com uma alimentação desregrada: anos na graduação, sabendo dos malefícios dessas situações - da fisiopatologia em si - e, ainda assim, inalam dos mais diversos entorpecentes, ou se alimentam de forma inadequada ou irregular. Entretanto, isso se mostra como consequência de uma situação agravante na profissão médica.

Essa situação pode ser percebida sobre dois aspectos: Estudos de referência mostram que médicos trabalham 15 horas semanais a mais do que outros profissionais, e tiram menos tempo de férias - metade do valor semana/ano - ou seja, apresentam uma predisposição maior ao estresse. 

Concomitantemente, o segundo aspecto, se dá ao constante contato íntimo e frequente com a dor e sofrimento, assim como lidar com a intimidade corporal e emocional de pacientes, resultando numa perda de sensibilidade entre esses profissionais com relação a seu próprio organismo.

Em suma, a Síndrome de Invulnerabilidade Médica é a somatória da atual conjuntura do trabalho do médico, com mais horas de trabalho e menor tempo de descanso - evidenciado mais que nunca com a pandemia do COVID-19 - com uma estrutura do ofício, a redução da sensibilidade do profissional perante ao ônus diário da profissão, resultando numa mentalidade de invulnerabilidade sobre si próprio.

É um agravo de difícil resolução, que pode ser minorado pela observação atenta de colegas, e demais profissionais da saúde que atuam em conjunto.