100 anos da revolta dos 18 do Forte de Copacabana – parte I
karla-armani-medeiros - 5 de julho de 2022

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani
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Hoje a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana completa 100 anos. Era 5 de julho de 1922 quando iniciou a revolta onde 17 militares e 1 civil marcharam na avenida Atlântica com a intenção de chegar ao Palácio do Catete. Numa marcha suicida contra os legalistas, foram mortos, sobrevivendo apenas Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Mas, o que teria levado esses oficiais a tão malfadado destino?
Uma resposta complexa que envolve fatores internos, externos, ideários políticos e consequências à história republicana do país. Internamente, os 18 do Forte é um movimento militar corporativista, em que oficiais de baixa patente desde o dia 2 de julho coordenavam ação entre várias unidades militares da capital nacional contra o fato do presidente da República, Epitácio Pessoa, ter nomeado um ministro civil ao comando das Forças Armadas e ter mandado prender o Marechal Hermes da Fonseca num episódio ocorrido em Pernambuco. Este contexto, ainda aguçado por cartas falsas que ofendiam o Marechal Hermes e enganosamente atribuídas à autoria de Arthur Bernardes (então eleito novo presidente), revelava o quanto o exército brasileiro, especialmente os oficiais de baixa patente (tenentes, sargentos, soldados e cabos), não estava satisfeito com a sua posição de papel secundário na sociedade brasileira.
As cartas falsas e a posse de Arthur Bernardes passam a ser o início da movimentação que culminou naquele 5 de julho. Na qual, somente o Forte de Copacabana manteve-se em levante com 301 revolucionários, anunciando em tiros de canhão na madrugada do dia 5 o despertar do movimento à cidade carioca. Em todo dia 5, o Forte de Copacabana foi atacado por encouraçados das tropas legalistas da Fortaleza de Santa Cruz, que, depois, ofereceram rendição. Dos 301, ficaram somente 28 oficiais. Estes decidiram lutar sozinhos contra as tropas legalistas e, rasgando a bandeira em 28 pedaços, rumaram em marcha na Avenida Atlântica. Somente 18 mantiveram-se firmes na caminhada e enfrentaram o tiroteio contra o exército. Um caminho à morte.