171 anos, sede de História!
O Diário - 25 de agosto de 2025

KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaaramani
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“Aclara a tua memória / prepara teu coração / para escutares a história / de nosso querido chão”, escreveu o trovador Zé de Ávila em seu “Ode a Barretos” no ano de 1989. E é exatamente esse o sentimento de todo 25 de agosto, a sede de História.
Cento e setenta e um anos alcança a velha Barretos na data de hoje. Escrevendo por extenso a sua idade, talvez fique mais nítido o quanto é antiga a nossa história, que na verdade se inicia antes de 1854. De lá até os tempos atuais, a linha do tempo de Barretos conta com capítulos peculiares, cujos eventos, personagens e lugares formam a identidade cultural do nosso povo. Ser barretense é se reconhecer nessa história que é tão única quanto plural. Nossa terra é a da pecuária, do peão de boiadeiro, do frigorífico, do belíssimo Recinto Paulo de Lima Correa, assim como é a do jornal O Sertanejo, do intelectual Jorge Andrade, do pujante Estrela d’Oriente, de Marzagão, de Elisa Branco, de Silvestre de Lima e de tantas pessoas e instituições que marcaram época. Florearam.
Barretos é a terra em que uma marca de bala na grade da estação ferroviária conta a história da Revolução Constitucionalista de 1932, o traçado ferroviário dividia a realidade social dos bairros, um bairro operário era uma cidade dentro da cidade, uma roseta representa a maior festa de peão da América Latina, o sino e relógio da catedral revelam como o tempo era sentido no passado, os paralelepípedos das ruas e as telhas “eira e beira” ecoam cenas que já se foram, a largura de certas avenidas evidenciam por onde passavam os corredores boiadeiros, a localização das praças muitas vezes refletem o motivo de seus nomes e os córregos teimosamente rasgam o centro urbano para mostrar que foram deles que a cidade nasceu (e deles agora ela precisa cuidar).
O barretense deve conhecer sua história para saber em quais capítulos se orgulhar dela (e quais não). Alguns deles certamente são o nascimento vanguardista da imprensa em 1900, a luta pela Educação com a difícil batalha pelo ensino secundário em 1931 e a primeira faculdade em 1964, além da conquista do primeiro hospital oncológico e público do interior fundado em 1962. Só se tem orgulho da sua história, quem a conhece. Que neste e em todos os 25 de agosto, tenhamos sempre sede de História! A nossa História.