1925: 100 anos da revolta de Philogônio (Parte I)
O Diário - 15 de julho de 2025

KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora e ocupante da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani
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Era final de maio e início de junho de 1925, quando Barretos foi abalada por uma revolta que embora tenha tido pouca duração, foi suficientemente intensa e memorável, a ponto de suas consequências serem sentidas até julho daquele ano. A revolta foi tão fervorosa e inusitada que passados exatamente cem anos, aqui estamos para recontá-la. Seria um ultraje em pleno julho de 2025 não falarmos a respeito de Philogônio Teodoro de Carvalho e a coluna de Barretos. Barretenses mais antigos já conhecem sua história, ela não é novidade, já foi pesquisada e publicada, mas é sempre interessante fazer releituras, até mesmo para verificar o tom que o tempo presente oferece a ela. A interpretação sobre Philogônio, o nosso Philó, quem constrói é você, caro leitor.
Imagine, em pleno ano de 1925, quando Barretos já possuía eletricidade, imprensa, indústria, instituições, asfalto, escolas, hospital e tantas outras cenas de urbanidade, as famílias receberem um panfleto com os seguintes dizeres:
“Ao Povo. De ordem do Generalíssimo Izidoro Dias Lopes, Chefe Supremo do Governo Revolucionário e senhor da situação atual, levantam-se todas as forças em prol da santa causa defendida por todos os chefes revolucionários, assumindo a chefia da coluna de Barretos o Cel. Philogônio Theodoro de Carvalho. O domicílio de cada cidadão será respeitado e bem assim as famílias podem ficar perfeitamente tranquilas, pois as forças sob o comando saberão manter a disciplina rigorosamente pelas quais o comando se responsabiliza corrigindo todo e qualquer ato desonesto que transgrida a moral da nossa principal causa. Viva a revolução. Viva a república. Viva a liberdade do povo brasileiro”.
É bem possível que o alarde na cidade tenha sido grande, afinal o nome de Izidoro Dias Lopes causava espanto, já que um ano antes ele tinha liderado a “Revolta Paulista”, na capital de São Paulo, para destituir o presidente do estado, Carlos de Campos, além do presidente da República, Artur Bernardes, e implantar a reforma política e social proposta pelo Tenentismo. Mas sem sucesso, uma vez que as tropas legalistas se sagraram vitoriosas. Mesmo assim, foi nesta revolta de 1924 que o nosso Philó conheceu o tenentismo de fato e o desdobrou para Barretos no ano seguinte. [continua].