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1925: 100 anos da revolta de Philogônio (Parte III)

O Diário - 29 de julho de 2025

1925: 100 anos da revolta de Philogônio (Parte III)

KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora e ocupante da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani 

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Pouco antes da revolta, Philogônio Carvalho acolheu em sua casa os tenentistas Alfredo da Silveira e Fernando Garcia Vidal, respectivamente do Exército e da Armada. Estes eram nomes importantes do movimento de 1924 em São Paulo e vieram a Barretos para realizar tratativas com Philogônio, pois, mesmo com a derrota paulista um ano antes, os tenentes continuavam a atuar pela “Coluna Miguel Costa-Prestes”. Esta, era um grupo de tenentistas paulistas (liderados por Izidoro Lopes e Miguel Costa) somados aos tenentistas do Rio Grande do Sul (liderados por Prestes) que passou a percorrer o Brasil na intenção de abalar a força local dos coronéis e disseminar seus ideais revolucionários. 

Foi por conta deste contexto que a movimentação em Barretos ocorreria depois de um ano do movimento em São Paulo, já que em vários locais do país os ideais tenentistas andavam em marcha. Como Philó já havia se mobilizado para lutar na Revolução de 1924, não tardou, portanto, para ele se tornar suspeito da polícia como líder de uma possível revolta que poderia estourar na cidade naquele ano de 1925. E estourou. A história é longa e foi narrada por pesquisadores que a tornaram célebre, mas aqui será resumida.

A situação tornou-se concreta quando Philó recebeu intimação do delegado em Barretos para comparecer à delegacia, mas não a cumpriu. Pediu, então, para que seu sobrinho Francisco Teodoro fosse à casa do conhecido Raphael Brandão avisá-lo desta ordem do delegado e solicitar que ele comunicasse ao delegado que não aceitava ser intimado à noite. Na volta, depois de alguns episódios, seu sobrinho foi preso pela polícia, fato encarado como um possível pretexto para atrair Philó à delegacia.

Esta prisão foi o momento que ele esperava para agir. Naquela noite, sua casa estava repleta de pessoas, entre elas, encontrava-se o citado Fernando Garcia Vidal que estava ali há mais de um mês esperando a oportunidade para iniciar a revolta em Barretos. Em sequência, a residência de Philó foi cercada para protegê-lo de um possível ataque da polícia e houve a publicação do boletim aos barretenses (já transcrito nesta série). 

Philogônio e seus companheiros iniciaram o plano de tomar a cidade junto ao movimento tenentista. Parecia filme, mas era Philó e o seu bando. [continua].