Esqueci minha senha
1925: 100 anos da revolta de Philogônio (Parte IV)

O Diário - 5 de agosto de 2025

1925: 100 anos da revolta de Philogônio (Parte IV)

KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora e ocupante da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani 

Compartilhar


Se era a hora certa para a execução do plano de Philogônio, não saberemos, pois a ideia era tomar a cidade quando a coluna tenentista se aproximasse. Contudo, a polícia paulista estava à espreita, e então os planos foram antecipados. Assim, entre os dias 31 de maio e 1 junho de 1925, Barretos viu-se emergida em uma revolta. 

A saga de Philogônio e seus comparsas começou pelo delegado que, residindo no hotel próximo à cadeia, foi rendido em sua morada. Numa emboscada e sob ameaça à vida deste, os soldados, desarmados, também foram presos, e o bando capturou suas armas e munições. A intenção era partir à estação ferroviária e impedir a comunicação sobre a revolta, já que ali situava-se o posto telegráfico e por meio dos telégrafos corria-se o risco de alguém solicitar ajuda policial externa. Toda a ação foi muito rápida. 

Seguindo à estação ferroviária, os aparelhos de telégrafos foram inutilizados e o centro telefônico de Barretos também foi tomado. Nenhuma força policial de outra cidade poderia ser comunicada sobre a revolta que estava se instalando. Inclusive, os revoltosos obrigaram funcionários da estação ferroviária de Palmar, situada entre Barretos e Colina, a retirarem parte dos trilhos para impedir a ida de trem a Barretos e dificultar possível ajuda de tropas externas. No entanto, a polícia de Araraquara foi avisada e um grupo de civis conseguiu ir à estação de Palmar consertar os trilhos, mesmo diante de tantos cuidados dos revoltosos em cessar as comunicações. Tratava-se de uma primeira reação civil ao movimento. O bando de Philogônio ficou sabendo e, acreditando ser as tropas governamentais, o capitão decidiu se retirar da cidade o mais rápido possível, fugindo para Minas Gerais. Com ameaças de violência, assaltos e saques, os revoltosos conseguiram mantimentos e armas para fugir.

A fuga foi outro episódio icônico, pois, além de roubar automóveis e caminhões, o plano de Philó era fugir por Minas Gerais e encontrar a Coluna Prestes no Mato Grosso. Mas, diante do contexto, a polícia paulista já estava à caça dos revoltosos e, dias após, quando os encontraram, aconteceram tiroteios e muitos de seu bando morreram. [continua].