Há 16 anos eu escrevo sobre essa data: o aniversário de fundação do jornal O Diário. E é impressionante como a cada ano é possível frisar algo diferente quanto à memorável data de 1º de abril de 1969. Isso porque uma coleção de jornal que se perdura há 55 anos, naturalmente, propõe novos olhares a cada vez que nos voltamos às páginas da sua história. Sempre há algo novo para se revelar em sua trajetória. 

De 1969 até agora, ofereceu o jornal O Diário aos leitores de gerações passadas e atuais edições diárias sobre os acontecimentos da cidade e do país. Já imaginou, portanto, a variedade de manchetes históricas que O Diário estampou em diferentes épocas? Eu já! Aliás, tenho a oportunidade de pesquisar nas páginas amareladas das mais antigas edições e sempre me surpreendo com os conteúdos encontrados.

O Diário já noticiou o fechamento das instituições democráticas, assim como publicou notícias sobre a gradual abertura política que o país tanto almejava. Manchetes sobre as “Diretas Já!” eram constantes, só não mais vigentes do que as reportagens sobre a montagem da Assembleia Constituinte e o fulgor da Constituição de 1988. O Diário era a plataforma existente na cidade para os agentes da Justiça explicarem aos cidadãos a respeito das leis e direitos da Constituição Cidadã. O jornal expôs as tentativas de recuperação econômica com os planos Verão, Cruzado e Real; além das surreais crises inflacionárias e oscilações políticas trazidas pela Nova República. Fotografou e registrou a passagem de presidentes da República e anunciou conquistas e perdas da cidade. 

Os editoriais mais antigos, assinados pelo próprio Monteiro Filho, eram verdadeiros discursos na defesa da opinião assinalada. As colunas sociais se transformaram ao longo do tempo, tanto no tipo de fotografias quanto no teor das legendas e publicidades. A diagramação talvez tenha sido a maior das mudanças, visto que até a forma como o leitor acompanha as reportagens e fotografias também foi alterada nesses mais de 50 anos. E para quem, como eu, tateia a evolução das edições, há de se reparar a chegada do jornal colorido no ano 2000.

O jornal deu luz a assuntos como a informatização, a internet, a urna eletrônica e a temas que hoje parecem corriqueiros, mas que foram abertamente debatidos, como o uso obrigatório do cinto de segurança, a proibição do lança-perfume e da direção automobilística a menores e as consequências da Lei Maria da Penha. O Diário, ainda, acompanhou alarmantes epidemias como de meningite e dengue, anunciou importantes campanhas de vacinação e ofertou à cidade a publicação dos boletins diários da pandemia de Covid-19. O jornal capitaneou campanhas essenciais a Barretos como a criação da 13ª Região Administrativa em 1983 e noticiou acontecimentos relevantes da história recente de Barretos em todas as suas áreas. Além de contribuir e se envolver com a comunidade mantendo campanhas e troféus tradicionais a todo ano.

Nos 124 anos que existem jornais em Barretos, O Diário é o periódico que mais tempo perdura, tendo ainda a experiência de oferecer literalmente um diário sobre a história da cidade. Parabéns, O Diário, pelas edições históricas e por tudo o que há de vir!

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora e articulista de O Diário há 16 anos.