Bezerrinha perfil de Barretos
O Diário - 16 de abril de 2025

Marcelo Murta
Compartilhar
Profeta da alma sertaneja. Poeta dos versos dos longos telhados de sobrados com seus lampiões. Luz que iluminou sua própria sina para brilhar como melhor intérprete da cultura urbana e rural. Que traduziu com maestria o Perfil de S. Paulo e o do Chão Preto. Maestro de Hinos. Do Quarto Centenário da Capital Paulista e do Vento Gelado de agosto de "Festa do Peão". Regente da boêmia em época de Faculdade de Direito. Ele no piano e sua esposa Ligia a cantar, invadia a madrugada até o Paissandu. Dava boa noite ao Viaduto do Chá antes de degustar um bauru no Ponto Chic ou um filé chateaubriand no Morais. Enquanto o sol pintava o amanhecer atrás dos Edifícios da Metrópole. Seu teclado está em exibição no Museu Ruy Menezes doado por seu filho Marcelo Bezerra. Neste abril de 70 anos de Festa do Peão celebramos o nascimento do genial Bezerrinha. O homem do abraço que faz do inverno outro verão. Que contou o segredo barretense: revelando que a festa não termina porque a gente fica em festa até chegar o ano que vem. Pensador sensível. Dizia que alguém deveria contar para a Cascata saber, que ela fica mais linda ao luar. Na memória o icônico vinil de Bodas de Prata do Rodeio de Os Independentes. Suas composições, um retrato fiel do Peão de Boiadeiro. Seja na moda, bem no estilo Guimarães Rosa do nosso Sertão: "Tu compra um aba larga Janota; Bombacha e um par de botas; camisa e lenço de cor; três bocas de fogo e um metro de faca; enfeita de bala a guaiaca; e se agarre com Nosso Senhor". Seja no modo: Barretos é um grito de Adeus em forma de oração. Mais do que simples devoção, é uma prece para Deus ao pé do Estradão. Amém. Abraços cavalares.