“Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo” (Jo 21,17)
Diocese de Barretos - 15 de maio de 2025

“Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo” (Jo 21,17)
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Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.
Nestes dias silenciosos de prece e contemplação, os corações dos fiéis se voltam como agulhas de uma bússola ao pequeno ponto sagrado na terra: o Vaticano, onde repousa a cátedra do Pescador de homens. De lá, ecoam ecos de gratidão e súplica. Pelo descanso do Papa Francisco, sobe aos céus o murmúrio da fé. E pelo novo sucessor de Pedro, ressoam preces esperançosas, como ondas mansas que repetem: “Bendito o que vem em nome do Senhor” (Sl 118,26). A Igreja – bela, antiga, jovem e eterna – carrega em seu seio o tesouro da Tradição, que não envelhece. Desde aquele dia à beira do mar da Galileia, em que o Cristo chamou os Doze, o Evangelho foi sendo lançado como rede ao coração do mundo. Foram testemunhas da aurora que rasgou o túmulo. E entre eles, Pedro, o homem da areia e da rocha, recebeu do Senhor a missão de ser pedra e pastor. “Tu és Pedro”, disse o Mestre, “e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). Pedro, então, passou a ser mais que um nome: tornou-se missão. Cabeça do colégio apostólico, sua voz uniu os irmãos, sua fé sustentou os frágeis, seu amor guiou a barca por mares revoltos. Em seus passos, caminha o Papa, seu sucessor. É dele a tarefa sublime: não perder nenhuma ovelha do rebanho amado. É ele quem deve manter vivo o clamor de Cristo ao Pai: “Que todos sejam um... para que o mundo creia” (Jo 17,21-23). Mas quem poderá pastorear, senão aquele que ama? Eis a pergunta que ecoa no coração do Pontífice, dia após dia, como vento que sussurra entre colunas milenares: “Tu me amas?” (Jo 21,15). Três vezes o Cristo perguntou, e três vezes Pedro respondeu com a humildade de quem chorou amargamente: “Senhor, tu sabes que eu te amo.” A fé, que proclama o Cristo como Filho do Deus vivo, deve se tornar amor que apascenta, que cuida, que se dá. A cátedra de Pedro não é trono de glória, mas cruz de serviço. O Papa, antes de ser chefe, é servidor do amor. Ele ama para unir, zela para não perder, entrega-se para que a unidade se cumpra. Eis o mistério: só o amor gera comunhão. Só o amor costura corações dispersos e faz de muitos um só. Por isso, que o Sucessor de Pedro, como o primeiro apóstolo, continue a repetir, com os olhos marejados e a alma rendida: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo.”
GOTAS DE SERENIDADE
“Na história de um casal, a aparência física muda, mas isso não é motivo para que a atração amorosa diminua”.
Papa Francisco, “Amoris Laetitia” sobre o amor na família, n. 164.