Profissões que não desaparecerão na era da Inteligência Artificial
O Diário - 20 de maio de 2025

Kleber Aparecido da Silva é Professor Associado 4 do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais e em Linguística na Universidade de Brasília. Foi Visiting Scholar em Stanford University, Penn State University e CUNY Graduate Center, em New York. É Bolsista em Produtividade em Pesquisa pelo CNPq
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Quais profissões resistirão à era da Inteligência Artificial e se manterão? Bill Gates, um dos nomes mais influentes da revolução tecnológica moderna, tem opiniões claras sobre os limites da IA. Apesar de ser um grande entusiasta do potencial da IA, o co-fundador da Microsoft afirma que algumas profissões permanecerão intocáveis pelas máquinas. Para ele, habilidades como empatia, criatividade e a capacidade de tomar decisões em contextos complexos são exclusivamente humanas – e é isso que garantirá a relevância de certas carreiras no futuro. Neste artigo apresentarei três profissões que segundo Bill Gates não desaparecerão na era da IA
1. A medicina é um dos campos mais transformados pela IA. Sistemas já analisam radiografias, sugerem diagnósticos e até preveem epidemias/pandemias com base em dados. Porém, Bill Gates aponta que os médicos jamais serão substituídos. Um exemplo simples: como confiar em um diagnóstico de câncer sem avaliação de um profissional que considera histórico familiares, estilo de vida e nuances não quantificáveis. Cirurgias robóticas são precisas, mas dependem de cirurgiões humanos para planejamento e tomada decisões em tempo real. Além disto, a empatia no tratamento de pacientes – como dar notícias ou oferecer suporte emocional – é algo que algoritmos não replicam.
2. Advogados já usam IA para analisar contratos, encontrar jurisprudências e automatizar tarefas repetitivas. No entanto, Bill Gates explica que a essência do direito está na interpretação. Leis são criadas por humanos e aplicadas em contextos sociais complexos. Um sistema pode listar artigos relevantes para um caso, mas não consegue argumentar em um tribunal ou entender as motivações e/ou discursos (que podem ser expressos e/ou verbalizados) que estão por trás de um crime. Negociações trabalhistas, mediações de conflitos e a defesa de direitos humanos fundamentais exigem senso de justiça e adaptabilidade – qualidades que vem da experiência humana, não de linhas de código.
3. Professores/as e/ou educadores/as estão entre os profissionais que mais sentirão o impacto da IA. Plataformas adaptativas já personalizam exercícios, corrigem redação e até ensinam línguas/linguagens. Mas, Bill Gates acredita que o papel do educador vai além de transmitir conteúdo. Crianças e jovens aprendem melhor quando tem educadores/as que as inspiram, que entendem suas dificuldades individuais e que criam ambientes de confiança. Um algoritmo não motiva um aluno desinteressado ou detecta problemas emocionais que afetam o desempenho escolar. A IA será uma aliada, fornecendo dados para que os/as professores/as adaptem suas metodologias, mas não ocupam o centro da relação de aprendizado.
Convergindo com Bill Gates, acredito que o futuro da IA é colaborativo/cooperativo. Bill Gates não vê a IA com uma ameaça, mas como uma ferramenta para ampliar capacidades humanas. Em síntese: profissionais na era da IA devem ser adaptar, usando a tecnologia para automatizar tarefas mecânicas, devem enfocar no que é exclusivo de sua natureza – criatividade, pensamento crítico e interações significativas.