A Amizade e o Sentido do Encontro
O Diário - 25 de maio de 2025

Rogério Ferreira da Silva é cirurgião-dentista
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A amizade é, talvez, uma das experiências mais enigmáticas da existência humana. Não nasce da obrigação, nem da necessidade prática, mas de um reconhecimento silencioso entre almas. É um encontro que transcende a lógica, pois não se explica o motivo exato pelo qual duas pessoas se tornam amigas — apenas se sente
Na amizade, vemos o outro não como um meio, mas como um fim em si mesmo. É uma relação onde o afeto não exige trocas equivalentes, onde o tempo partilhado vale mais do que qualquer utilidade. Em um mundo cada vez mais instrumental, a amizade é um espaço raro de gratuidade.
Filósofos como Aristóteles já refletiam sobre a amizade como uma das virtudes mais elevadas, aquela que só floresce entre os que buscam o bem e a verdade. Assim, o amigo é aquele com quem se compartilha a vida, não apenas os momentos agradáveis, mas também as dores, as dúvidas e os silêncios.
A amizade também nos revela a nós mesmos. Ao olharmos o outro com empatia, vemos, refletidos, nossos próprios medos, nossas imperfeições, e, ao mesmo tempo, nossas possibilidades. É uma ponte entre dois mundos interiores que se encontram sem se fundir.
Não há fórmulas para cultivá-la — ela exige presença, escuta, entrega. E, sobretudo, exige tempo. Em um tempo que tudo acelera, ser amigo é saber parar, é escolher estar. É compreender que o valor de uma amizade não se mede em palavras ditas, mas em presenças mantidas, mesmo no silêncio.
A amizade é, portanto, um dos mistérios mais belos da vida: uma forma de amor que não aprisiona, mas liberta; que não exige, mas oferece. É uma dança de almas que, por algum motivo que a razão desconhece, decidiram caminhar juntas por um trecho da eternidade. Um ótimo domingo para você.