Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

Amedrontada e sem poder de ação, a comunidade dos discípulos necessitava com urgência da força do Espírito Santo para abrir suas portas e, vencendo o medo, iniciar a missão de oferecer ao mundo os frutos da Páscoa, ou seja, a possibilidade da humanidade se reconciliar consigo mesma e com Deus conforme a ordem do Ressuscitado. O evangelho que ouvimos hoje (Jo 20, 19-23) inicia dizendo que os discípulos estavam reunidos com portas fechadas, por medo dos judeus (v. 19). Não se trata dos judeus em geral, mas das autoridades responsáveis pela morte de Jesus. Jesus Ressuscitado manifestou-se a eles dando-lhes a paz, ou seja, inspirando-lhes confiança e coragem para vencer o medo. Após isso mostra-lhes suas mãos e o seu lado, sinal de que o Ressuscitado é o Crucificado. As mãos são sinais do serviço e do bem que realizou durante toda a sua vida, e o lado significa o coração com o qual amou os seus até o fim, a ponto de dar a vida por eles. Por meio desse gesto, o evangelista nos diz que o Ressuscitado continua servindo e amando os seus, mas de uma maneira nova, já não limitada ao tempo e o espaço. Aqui também Jesus lhes oferece a sua paz e repete o mandato de ir em seu nome, como ele veio em nome do Pai. E, assim comunica-lhes o dom por excelência, o Espírito Santo. O Espírito Santo é dado aos apóstolos e, por intermédio deles a todos nós, par que possamos continuar a missão de Jesus, a missão de oferecer ao mundo a alegria do perdão e da paz. Há poucos dias, o Papa Leão XIV ao iniciar o seu ministério como Sucessor de Pedro, dizia: “Este é o espírito missionário que nos deve animar, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo; somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo”. Ao celebrar Pentecostes nós celebramos o nascimento da Igreja, comunidade dos que creem em Jesus e estão dispostos a irradiar o seu amor por toda parte. O Espírito Santo não anula nossas diferenças, mas nos integra, tornando-nos membros de um mesmo corpo, o Corpo de Cristo.  A Igreja Particular de Barretos é consagrada ao Divino Espírito Santo. Nossa vocação é tornar-nos testemunhas de Jesus, pela força do seu Espírito. Agradeçamos a Deus, pela presença visível do Espírito Santo em nossas comunidades, animando-nos a continuar a missão de Jesus com coragem e alegria.