O conto do político que não vê e escuta
O Diário - 7 de junho de 2025

O conto do político que não vê e escuta
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Era uma vez um jovem que queria ser vereador em sua cidade. Foi eleito para o cargo, utilizando verba e desinformação, promessas e fundos. Ao iniciar o mandato, pensou que era o poder absoluto e não o representar do poder. Achou que agora mandava e não devia nada a quem votou. Sem nenhum senso de bem comum, foi criando uma falsa perspectiva de participação na política.
Então, certo dia, aparece um sábio idoso. Com simplicidade, chamou o político e deu uma recomendação para usar a imaginação. O político ouviu e indagou:
- Como vou fazer isto?
Com sua voz doce, suave e delicada, o sábio respondeu, dizendo que iria emprestar a ele os seus óculos e seu aparelho de surdez. Dito e feito. Por curiosidade, mesmo debaixo de toda arrogância, o político colocou os objetos do idoso. E ficou assustado. Passou a ouvir o cidadão, ver a cidade, escutar a voz do eleitor e notar suas necessidades. Como era possível tamanha transformação, usando somente a visão e a escuta, questionou o político.
O sábio idoso pegou seus óculos e seu aparelho auditivo de volta, cumprimentou com simpatia e foi embora. O vereador ficou intrigado, porque quando devolveu os objetos perdeu o carisma de observação e escuta.
Incapaz de ser um vereador sensível as causas comunitárias, impossibilitado de exercitar a tolerância e a democracia, aprendeu que “bom senso é uma coisa que, ou se tem, ou não se tem”. Ignorou a lição do sábio, virou um feroz crítico parlamentar, sendo os eleitores os que mais sofriam com suas posturas ácidas, ferinas e abusivas.
Em resumo, o conto lembra que sem a capacidade de ver e ouvir o eleitor, o exercício do mandato perde todo sentindo social, comunitário e político.