O governo israelense e os crimes de guerra
O Diário - 14 de junho de 2025

DANILO PIMENTA SERRANO É ADVOGADO E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
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No dia 07 de outubro de 2023, civis israelenses foram covardemente assassinados por homens do Hamas, grupo terrorista que até então controlava a Faixa de Gaza. Desde então Israel vem realizando intensas operações militares no território palestino a fim de eliminar o Hamas, e libertar os reféns israelenses sequestrados pelos terroristas naquele fatídico dia.
Nos primeiros dias e semanas do conflito a postura de Israel, que bombardeou alvos militares ligados ao Hamas, exercendo o seu inegável direito de defesa, mostrou-se legítima e dentro das balizas do direito internacional, como já escrevi neste espaço.
Todavia, já há algum tempo a postura do governo de Israel tem se tornado indefensável, ao impor um inadmissível sofrimento a centenas de milhares de civis palestinos inocentes, que nada têm a ver com os ataques perpetrados pelos terroristas do Hamas.
Observa-se, inclusive, a prática de crimes de guerra pelo governo de Israel – tais como os praticados pelos terroristas do Hamas, ou pela Rússia de Vladmir Putin. Dentre os diversos crimes, chama a atenção a imposição de uma espécie de punição coletiva por Israel em contra os palestinos e o uso da fome como uma arma de guerra.
Além de promover bombardeios indiscriminados em áreas civis do território palestino, as forças de defesa israelense têm impedido, injustificada e deliberadamente, a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, sobretudo alimentos e medicamentos.
Mais de 50.000 palestinos já foram mortos desde o início da ofensiva israelense, que já destruiu ou danificou, segundo estimativas, mais de 60% das construções do território palestino – território este que teve quase 80% de sua área definida como zona de deslocamento por Israel – além disso, de acordo com uma agência da ONU, toda a população de Gaza encontra-se em risco de fome extrema, o que não pode ser admitido.
O direito de Israel à sua existência segura é inalienável, e o seu direito de defesa contra os ataques ao seu povo é inafastável, mas nada disso justifica a imposição de extremo sofrimento à população civil na guerra contra o Hamas.