Esqueci minha senha
Dopamina cara x dopamina barata: o custo invisível dos hábitos

O Diário - 18 de junho de 2025

Dopamina cara x dopamina barata: o custo invisível dos hábitos

Maria Eduarda da Silva Pinelli, estudante do 3º período do curso de medicina da FACISB, orientada pelo prof. Robson Aparecido dos Santos Boni

Compartilhar


Atualmente, vivemos em uma era em que o prazer está a um clique de distância. Rolamos a tela, comemos por impulso, curtimos vídeos curtos e buscamos estímulos constantes que prometem a satisfação imediata. Em meio à rotina acelerada e às recompensas instantâneas oferecidas pela dopamina barata, poucos percebem o custo invisível que isso impõe ao cérebro e ao bem-estar.

​A dopamina, mais conhecida como hormônio do prazer, é um neurotransmissor que atua como um dos principais mensageiros da motivação, do prazer e do circuito de recompensa, envolvida também na tomada de decisões, no foco e no movimento. Quando fazemos algo que o cérebro interpreta como positivo ou gratificante, a dopamina é liberada, criando uma sensação de satisfação. Portanto, esse sistema é essencial para a sobrevivência, pois é ele que nos motiva a buscar comida, afeto, segurança e conquistas.

​A dopamina barata refere-se àquela proveniente das recompensas instantâneas, pouco exigentes e altamente viciantes. Redes sociais, fast food, pornografia online, compras impulsivas, jogos de aposta e vídeos curtos e virais são exemplos de estímulos projetados para manter o usuário engajado e alimentar essa dopamina. Esses são hábitos que, a longo prazo, tendem a prejudicar a saúde, resultando em dificuldades de concentração, ansiedade, dependência e procrastinação.

​Assim, isso faz com que o nosso cérebro se acostume com esse tipo de gratificação e perca o interesse por atividades que demandem esforço e tolerância ao desconforto, como ler, praticar atividades físicas, estudar, alimentar-se de forma saudável e construir relacionamentos duradouros e profundos, estímulos os quais há liberação da dopamina cara. Essa dopamina relaciona-se ao prazer com propósito, aquela cuja recompensa é mais lenta, porém mais sustentável, é a que constrói autoestima, disciplina e foco. Portanto, formas de trabalhar a aquisição da dopamina cara são: limitar o tempo em redes sociais, criar rotinas com hábitos saudáveis e praticar desafios pessoais com metas alcançáveis e sentidos pessoais.

​Desta forma, cabe ressaltar que o problema não está na dopamina, mas sim na forma como a estimulamos hoje, de forma cada vez mais rápida, fácil e constante. Assim, deixo o questionamento: você está alimentando sua mente com prazer ou com propósito.