Os Verbos
O Diário - 26 de junho de 2025

Prof. Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais
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Regência Verbal
A regência verbal é uma das áreas mais exigentes da sintaxe da língua portuguesa, por lidar diretamente com a relação entre os verbos e seus complementos. Em contextos formais de comunicação, como concursos, textos acadêmicos e ambientes institucionais, o uso inadequado das preposições exigidas pelos verbos pode comprometer a clareza e a correção do discurso. Para se evitar esse tipo de impropriedade, é necessário compreender como se dá a relação entre o verbo e os termos que o acompanham, seja por meio do estudo do comportamento lexical do verbo, seja pela análise de sua função sintática.
A escolha da preposição na regência verbal depende do comportamento sintático específico de cada verbo. Verbos como “assistir”, no sentido de ver, exigem a preposição “a” (assistir ao filme), e não podem ser tratados como transitivos diretos (assistir “o” filme). O mesmo ocorre com “ir”, indicando movimento, cuja regência se faz com “a” (fomos “à” praia) e não com “na” (fomos “na” praia). Esses usos não são substituíveis entre si nem passíveis de dedução por simples analogia. São construções fixadas no uso culto da língua, e que exigem atenção constante por parte do usuário que deseja manter-se fiel às normas.
A competência no uso da regência verbal reflete domínio da norma-padrão e evita ambiguidade ou impropriedade textual. O verbo “obedecer”, por exemplo, exige a preposição “a”, como em “obedecer ao regulamento” – uso culto. Já a “obedecer o regulamento” é uma expressão própria da linguagem coloquial. Com efeito, o desconhecimento dessas estruturas em textos formais, pode transmitir uma imagem de descuido com a língua. Até porque, na escrita formal, a regência verbal funciona como o GPS da linguagem: discreta, mas essencial para que o sentido chegue ao destino correto sem desvios gramaticais.
Prof. Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais