Estamos na era dos especialistas. Especialistas em tudo. Na era da informação, onde qualquer um com um smartphone conectado à internet pode ter acesso a uma infinidade de notícias de qualquer lugar do mundo, a frase de Umberto Eco, de que “a internet deu voz a uma legião de imbecis” nunca pereceu mais adequada. 

Vivemos hoje um paradoxo. Ao mesmo tempo em que nunca tivemos acesso à tanto informação, nunca fomos tão mal-informados. Isso leva muitas pessoas, ainda que bem-intencionadas, a formarem uma firme e convicta opinião sobre todo e qualquer assunto, dos mais singelos aos mais complexos, após a leitura de uma breve manchete, ou de um lacônico post em uma rede social. E pior, os que querem se aprofundar, ao invés de buscarem fontes respeitadas e fidedignas, buscam “especialistas de Youtube”.

Nesse cenário, sentem-se altamente preparados para opinar, com propriedade sobre qualquer assunto, da alta da taxa de juros nos Estados Unidos, passando pelo desenvolvimento de vacinas, até decisões técnicas do Judiciário. 

Os Estados Unidos atacaram diretamente instalações nucleares do Irã? Certamente foi o primeiro movimento da terceira guerra mundial, agora nuclear. Um moderno Boeing 787 caiu ao decolar na Índia? Fácil, não precisa nem investigar por meses. O avião caiu porque o piloto recolheu por engano os flaps logo após a decolagem. Uma brasileira acidentou-se em um penhasco durante uma trilha em um vulcão na Indonésia? Basta enviar um helicóptero para içá-la ou lançar lhe uma corda do alto do penhasco para arrastá-la para cima. Tão óbvio. 

Essa simplificação pueril reflete uma tendência humana, de buscar respostas rápidas e fáceis para questões altamente complexas. Embora sejam atraentes e pareçam óbvias, essas repostas passam ao largo da complexidade dos assuntos, e quase sempre levam a conclusões equivocadas. 

Para encerrar esse artigo com uma reflexão, peço licença para citar mais uma famosa frase, essa atribuída ao jornalista Henry Louis Mencken, que teria dito que “para cada problema complexo, existe uma resposta que é clara, simples e errada”.