Informação e orientação correta são as melhores aliadas para preservar a visão

O oftalmologista Fernando Heimbeck (CRM104.673), especialista em Córnea e Ceratocone, esclarece sobre a campanha Junho Violeta, que alerta sobre o ceratocone. “Esta doença provoca afinamento e protrusão da córnea, prejudicando a visão”, afirma o médico. A seguir, a íntegra da entrevista com o especialista. 

O DIÁRIO: O que é o Junho Violeta e por que é tão importante?

DR. FERNANDO: Junho Violeta é uma campanha criada para alertar e informar a população sobre o ceratocone, uma doença ocular que provoca afinamento e protrusão da córnea, prejudicando a visão. O objetivo é aumentar o diagnóstico precoce e oferecer o tratamento adequado para melhorar a qualidade de vida dos portadores.

O DIÁRIO: O senhor poderia esclarecder o que é o ceratocone?

DR. FERNANDO: Ceratocone é uma doença não inflamatória e progressiva que afeta a córnea, a camada clara e transparente localizada na superfície do olho. Nesse quadro, a córnea passa a afinar e adquirir uma forma de cone, causando astigmatismo irregular e prejudicando a nitidez e qualidade da visão.

O DIÁRIO: Quais são as principais causas do ceratocone?

DR. FERNANDO: A causa exata do ceratocone não é totalmente conhecida, mas sabe-se que existe uma relação com predisposição genética e hábitos como coçar os olhos com frequência e alergias oculares não tratadas. Por isso, o diagnóstico precoce e o controle de alergias são essenciais para prevenir a progressão.

O DIÁRIO: Quais são os sintomas mais comuns da doença?

DR. FERNANDO: Entre os sintomas iniciais estão visão borrada, sensibilidade à luz, astigmatismo irregular e dificuldades para enxergar à noite. À medida que a doença progride, o astigmatismo aumenta e o paciente passa a precisar de mudanças constantes no grau dos óculos para alcançar uma boa visão.

O DIÁRIO: O ceratocone acomete mais comumente algum público específico?

DR. FERNANDO: Geralmente a doença começa a aparecer na adolescência ou no início da fase adulta, mas pode evoluir até a faixa dos 30 ou 40 anos. Afeta ambos os olhos, mas não necessariamente de maneira igual.

O DIÁRIO: Por que diagnosticar a doença precocemente faz diferença?

DR. FERNANDO: Com o diagnóstico precoce, temos à disposição tratamentos eficazes para estabilizar o avanço do ceratocone, como o crosslinking corneano. Dessa forma, evitamos ou adiamos procedimentos mais invasivos, como o transplante de córnea.

O DIÁRIO: Quais são as principais opções de tratamento?

DR. FERNANDO: O tratamento depende do estágio da doença e vai desde simples óculos para casos iniciais, lentes de contato específicas para astigmatismos irregulares e procedimentos para estabilização, como o crosslinking, até implante de anéis intraestromais e, em casos mais avançados, o transplante de córnea.

O DIÁRIO: O ceratocone pode levar à cegueira?

DR. FERNANDO: Se não tratado, o ceratocone pode evoluir e prejudicar gravemente a visão, mas a cegueira total é rara. O mais importante é diagnosticar e tratar precocemente para preservar ao máximo a qualidade de visão e evitar complicações.

O DIÁRIO: É possível prevenir o ceratocone?

DR. FERNANDO: Embora não haja maneira de prevenir totalmente, algumas medidas são eficazes para minimizar o risco e a progressão da doença como, por exemplo, não coçar ou esfregar os olhos, tratar alergias oculares e realizar consultas oftalmológicas periódicas para detectar alterações precoces.

O DIÁRIO: O Junho Violeta colabora no sentido de alertar a população?

DR. FERNANDO: Esta campanha busca informar e alertar a população para uma doença que muitas vezes passa despercebida nas fases iniciais. O Junho Violeta convida todos a refletirem sobre a saúde ocular e procurarem avaliação profissional para garantir diagnóstico e tratamento precoces.
Se você apresenta sintomas visuais, histórico de alergias oculares ou ceratocone na família, procure um especialista para uma avaliação completa. A informação e a orientação correta são as melhores aliadas para preservar a visão e garantir qualidade de vida para todas as idades.