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Desafios para uma Conexão Digital Includente

O Diário - 15 de julho de 2025

Desafios para uma Conexão Digital Includente

Irineu Barreto, pesquisador da Fundação Seade

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Um estudo recente produzido pela Fundação Seade, que trata das Tecnologias da Informação e Comunicação em São Paulo entre 2014 e 2024, revela avanços importantes no acesso à internet no Estado. O número de domicílios conectados cresceu de forma expressiva, impulsionado pela popularização dos dispositivos móveis e pela ampliação da infraestrutura de telecomunicações. Apesar disso, a inclusão digital efetiva ainda não é uma realidade para todos.

Desigualdades estruturais persistem e comprometem a qualidade da experiência digital. A chamada "conectividade significativa", que permite o uso produtivo, autônomo e com propósito da internet, ainda não pode ser considerada universal entre os usuários da rede. Apesar de oito a cada dez residentes no Estado serem usuários da internet, parcela desse contingente não usufrui na completude das potencialidades do ambiente digital em razão da velocidade da conexão, custo e obsolescência dos dispositivos.

Esses fatores afetam principalmente pessoas de baixa renda e escolaridade reduzida, que muitas vezes dependem exclusivamente do celular para se conectar. Essa realidade dificulta e, em alguns casos, inviabiliza a realização de tarefas mais complexas, como cursos online, trabalho remoto ou uso de serviços públicos digitais.

Além das limitações técnicas, há o desafio das habilidades digitais. Estar online não significa estar incluído. A apropriação dos recursos tecnológicos exige letramento digital e familiaridade com ferramentas tecnológicas, algo ainda distante de parcela de usuários da internet. O resultado é uma nova camada de exclusão, menos visível, mas igualmente deletéria, que separa quem apenas consome conteúdo digital de quem maneja, de forma autônoma, as tecnologias de comunicação e informação.

A pesquisa mostra que ampliar o acesso é necessário, mas insuficiente. É urgente promover políticas públicas, em parceria com a iniciativa privada, que enfrentam as desigualdades de infraestrutura e favoreçam o desenvolvimento das habilidades digitais. A próxima década digital deve ser construída com equidade, para que a internet seja, de fato, uma ponte para oportunidades e não mais um espelho das desigualdades socioeconômicas.