Por Pe. Flávio Pereira, Vigário Catedral, Barretos-SP

Celebramos hoje a Solenidade da Transfiguração do Senhor, popularmente conhecida como ‘Festa do Bom Jesus’. Com esta solenidade vemos que a glória divina é revelada, de forma singela aos três discípulos que acompanham Jesus no alto do monte. Lá, envolvido por uma nuvem luminosa e, também, sob o olhar de Pedro, Tiago e João, Jesus se transfigura. Este episódio é narrado nos Evangelhos de Mateus (17,1-9), Marcos (9,2-10) e Lucas (9,28-36). Ao narrar o fato, Mateus diz que “seu rosto brilhou como o sol, e suas roupas se tornaram brancas como a luz” (Mt 17,2) e acrescenta que junto dele apareceram Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas no Antigo Testamento. No monte Sinai, Moisés recebeu as duas tábuas contendo a Lei do Senhor, em sua vida também experimentou a manifestação divina, quando era cercado por nuvem e luz (Ex 24,15-18). Elias, foi o profeta levado aos céus por meio de uma carruagem de fogo (2Re 2,11), nele vemos a representação da expectativa messiânica. Tal qual Jesus, no monte, ambos tiveram a possibilidade de fazerem experiências com Deus, no alto de montanhas – sendo que este se constitui o lugar de encontro com o Senhor. Quando Moisés, no Antigo Testamento, falava com Deus, seu rosto resplandecia (Ex 34,29), logo após o diálogo com Deus, ele precisava cobrir seu rosto com um véu diante dos israelitas. No episódio da Transfiguração, Jesus reflete a glória de Deus, e a emana diretamente, manifestando assim um vislumbre momentâneo de sua natureza divina. A revelação de Deus, sua teofania é dada aos três discípulos que o acompanhavam no alto da montanha, e ali Jesus é momentaneamente revelado em glória como o próprio Filho de Deus, fato que é confirmado por meio da voz emanada da nuvem: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me agrado. Escutai o que ele diz!’ (Mt 17,5). A mesma voz será ouvida no Batismo de Jesus. No alto do monte, por meio da Transfiguração, vemos a glória divina que dialoga com a Lei e os Profetas. Cristo manifesta sua glória, no qual todo o Antigo Testamento se cumpre, e em nossa vida, quando escutamos o que Ele diz e colocamos em prática, estamos nos aproximando de uma verdadeira e completa conversão. No Antigo Testamento, diversos são os momentos em que personagens se dirigem ao monte para se aproximar de Deus. Em suma, pode-se dizer que subir o monte é um retirar-se para se encontrar: se encontrar com Deus, consigo mesmo e com sua capacidade de sair do foco dos problemas para ir além, tendo assim uma perspectiva de encontro com o Senhor, que transforma a nossa realidade.