Por Padre Pedro Lopes - Vigário Paroquial São Miguel Arcanjo – Miguelópolis-SP

Quantas vezes nos sentimos paralisados? Por dentro, às vezes nos faltam forças para seguir em frente. Medos, culpas, dores e desânimos vão se acumulando, e a vida parece travar. É nessa hora que o Evangelho nos estende a mão e nos diz com autoridade: “Levanta-te e anda!”. Essa frase de Jesus, dita ao paralítico (Jo 5,1-18), não é apenas um milagre do passado. Ela continua ecoando hoje, especialmente para quem está paralisado por dentro. Aquela cura não foi só física, mas também espiritual. Jesus devolve ao homem não apenas o movimento das pernas, mas o sentido da vida. Ele mostra que o amor de Deus tem o poder de restaurar tudo. Essa cena nos mostra também outro detalhe importante: aquele homem estava há tempos esperando ajuda. E muitas vezes nós também esperamos demais pelos outros, pelas circunstâncias, pelas “águas se moverem”, como no texto. Mas Jesus se aproxima e muda tudo com uma pergunta direta: “Queres ser curado?”. Às vezes, o primeiro passo da cura é querer melhorar, é ter coragem de sair da zona de conforto, mesmo quando a dor já parece costumeira. Outro ponto tocante dessa passagem é a ausência de amigos. Diferente de outros paralíticos que são carregados até Jesus por quatro pessoas (Mc 2,1-12), aqui o homem está só. E ainda assim, Jesus o vê. Isso nos consola: mesmo quando ninguém parece nos notar, Deus nos vê. Ele nos encontra na nossa solidão e nos coloca de pé. No dia a dia, esse Evangelho nos chama a reagir diante das paralisias da alma: o ressentimento que nos prende, o medo de errar de novo, o comodismo que nos deixa estagnados. A voz de Jesus ainda ressoa: “Levanta-te, toma a tua vida nas mãos e recomeça”. Deus nos criou para o movimento, para a liberdade, para caminhar rumo à plenitude. Não fomos feitos para ficar no chão. Por isso, não tenhamos medo de recomeçar. O Evangelho é sempre uma boa notícia que nos convida a viver de novo.