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Este é o coração que tanto amou – primeira parte

Diocese de Barretos - 30 de agosto de 2025

Este é o coração que tanto amou – primeira parte

Este é o coração que tanto amou – primeira parte

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Por Diác. Matheus Flávio, São Gabriel Arcanjo, Jaborandi-SP

Continuando a leitura da carta encíclica Dilexit nos do Papa Francisco, hoje chegamos ao terceiro capítulo. Esse capítulo é mais longo, por isso terá dois artigos. A devoção ao Coração de Cristo deve ser entendida sempre como adoração à Pessoa inteira de Jesus, e não como culto a um órgão separado. O coração físico é antes de tudo um símbolo privilegiado que remete ao centro mais íntimo do Filho de Deus feito homem. Como afirma o texto, “o coração de carne é entendido como imagem ou sinal privilegiado do centro mais íntimo do Filho incarnado e do seu amor ao mesmo tempo divino e humano” (n. 48). Assim, qualquer gesto de veneração não se fixa na imagem, mas no próprio Cristo vivo. Nesse sentido, a imagem do Coração de Cristo é sempre mediação, pois “o objeto de adoração é o Coração vivo de Cristo – e nunca uma imagem” (n. 50). A adoração é dirigida à Pessoa do Verbo encarnado, inseparável da sua humanidade e divindade. Por isso, “qualquer ato de amor ou de adoração ao seu Coração é na realidade e propriamente tributado ao Cristo mesmo” (n. 50). Essa devoção conduz de forma espontânea a uma relação pessoal de diálogo, afeto e confiança com Jesus, que nos ama com um coração humano e divino ao mesmo tempo (n. 51). A força dessa devoção também se enraíza na experiência simbólica universal do coração. Ao longo da história, o coração foi compreendido como o centro da intimidade, do afeto e da capacidade de amar. O texto recorda que “quando uma pessoa se apaixona e está perto da pessoa amada, o batimento cardíaco acelera; quando alguém sofre um abandono, sente uma espécie de forte opressão no coração” (n. 53). Por isso, o coração alcançou “uma força simbólica única, que não é meramente convencional” (n. 53). Diante disso, a Igreja escolheu o coração como símbolo do amor divino e humano de Cristo, não como um detalhe isolado, mas como expressão de sua totalidade, pois “o coração tem o valor de ser percebido não como um órgão separado, mas como um centro íntimo que gera unidade e, ao mesmo tempo, como expressão da totalidade da pessoa” (n. 55). A imagem, portanto, deve remeter sempre a Cristo inteiro, em sua humanidade e divindade. Desse modo, o Coração de Cristo contém um tríplice amor: o divino, o espiritual-humano e o sensível. Esses amores não são separados, mas unidos em um único fluxo vital: “à luz da fé […] podemos conceber os estreitíssimos vínculos que existem entre o amor sensível do coração físico de Jesus e o seu duplo amor espiritual, o humano e o divino” (n. 66). Assim, ao contemplar o Coração de Cristo, encontramos “o infinito no finito” (n. 67).