Hoje, quando o Facebook me lembrou do meu primeiro trabalho como guardinha na velha e querida “Casa Brito”, senti aquela pontada boa de saudade. É curioso como um simples lembrete digital consegue abrir as portas da memória e nos transportar para ruas, cheiros e vozes que o tempo já levou.

Como não recordar, com um carinho quase infantil, de “A Mobiliadora” do Ivo Bampa, bem ali embaixo da antiga Câmara Municipal? Ou do “Supermercado dos Lavradores”, onde as compras de sábado eram quase um evento social — famílias inteiras se encontrando entre as gôndolas, trocando abraços e novidades.

O “Bazar Garoto” reinava absoluto no mundo dos armarinhos; “A Imperial” emprestava elegância à esquina da rua 20 com a avenida 19; e quem passou pela “Papelaria do Maquinha” sabe que atendimento com nome e sorriso era marca registrada. “Cisne Calçados” era sinônimo de estilo — e chique, sim senhor! “A Diferente” reinou com o mesmo sucesso por anos e anos.

E o “Café Ivaí”? Ah, esse era mais que um ponto de encontro: era palco de debates quentes sobre a política local, quando as conversas eram olho no olho e o calor vinha tanto do café quanto das opiniões. Nada de zap, apenas presença.

O tempo passou. As fachadas mudaram, alguns nomes ficaram apenas na lembrança, outros reinventaram-se. Barretos, porém, continua sendo referência no comércio local. O progresso chegou, redesenhou vitrines e trouxe novas formas de comprar e vender.

Mas a essência permanece: a cidade ainda respira acolhimento e comércio pulsante. Hoje, talvez a gente não veja as mesmas portas abertas, mas as esquinas guardam histórias e sorrisos que nem o tempo, nem a modernidade conseguem apagar.

Porque saudade não é só lembrar do que foi. É, sobretudo, reconhecer que aquilo somos hoje carrega muito do que já vivemos. E, nesse sentido, Barretos segue firme: moderna, mas com alma de cidade que sabe cuidar da sua gente.