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Medicina espacial: o que a ausência de gravidade faz com o corpo humano?

O Diário - 23 de setembro de 2025

Medicina espacial: o que a ausência de gravidade faz com o corpo humano?

Maysa Cristina Prado de Souza, estudante do 7º período do curso de Medicina da FACISB, orientada pelo prof. João Luiz Brisotti

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Com o avanço da exploração espacial e o planejamento de viagens cada vez mais longas com o objetivo de colonizar outros planetas, surge a necessidade de entender como a ausência de gravidade afeta o corpo humano. A medicina espacial estuda essas mudanças para encontrar formas de proteger a saúde dos astronautas.

O corpo humano evoluiu para funcionar sob a gravidade da Terra. Aqui, ela mantém o sangue e os fluidos corporais puxados para baixo. Quando essa força desaparece, como acontece no espaço, o organismo passa por adaptações — muitas delas prejudiciais. Logo nas primeiras horas em microgravidade, o sangue e outros líquidos se acumulam na parte superior do corpo, causando o chamado “rosto inchado”. Esse deslocamento também aumenta o volume de sangue no tórax e distende as câmaras cardíacas, principalmente os átrios. Com o tempo, a pressão arterial se adapta, assumindo níveis semelhantes aos de quando estamos deitados.

A visão também é afetada. Muitos astronautas desenvolvem hipermetropia, a dificuldade de enxergar de perto, após longos períodos no espaço. Isso ocorre devido ao aumento da pressão dentro do crânio, resultado do acúmulo de fluidos na região da cabeça.

Músculos e ossos sofrem ainda mais. Sem a necessidade de sustentar o peso corporal, os músculos das pernas e do tronco atrofiam rapidamente. Da mesma forma, os ossos perdem cálcio e fósforo (diminuição da densidade mineral), principalmente os de sustentação, como a tíbia, nas pernas. Além disso, o excesso de cálcio liberado na urina aumenta o risco de formação de cálculos renais, que podem ser complicações graves em viagens longas. Imagine: após meses viajando para colonizar um novo planeta, o ser humano pode chegar sem forças nem para caminhar ou sair do veículo.

Por outro lado, o sistema pulmonar se mostra relativamente preservado, sem alterações significativas mesmo após longas estadias no espaço.

Todas essas alterações mostram o quão desafiador é manter a saúde humana fora da Terra. Antes de pensarmos em colonizar outros planetas, a medicina precisa encontrar soluções eficazes para prevenir e controlar os efeitos da microgravidade sobre o organismo.