A medula óssea é a essência oculta dos ossos, onde a vida se renova em silêncio. Ali, no âmago do nosso corpo, germinam as células do sangue, um berço invisível, porém imprescindível, onde a esperança floresce em forma de glóbulos e a vida pulsa intensamente em cada hemácia. Esperança, essa, que pode ser compartilhada com aqueles que dela carecem: pacientes com leucemia, linfoma e formas graves de anemia. Para eles, a doação de medula óssea representa, muitas vezes, a única chance real de cura. Um presente silencioso que é imensurável em seu valor.

No Brasil, a necessidade e a solidariedade da doação começam a ser compreendidas: o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, o REDOME, vinculado ao INCA, o Instituto Nacional do Câncer, é o terceiro maior do mundo, com mais de 5,5 milhões de cadastros. Mesmo assim, muitos pacientes ainda esperam na fila por um doador compatível que nunca chega. A razão? Segundo a Organização Mundial da Saúde, a chance de compatibilidade entre pessoas não aparentadas é de apenas 1 em 100 mil.

Doar medula óssea é um ato simples e seguro. Primeiro, o voluntário se cadastra em um hemocentro ou centro de coleta autorizado, onde é colhida uma amostra de sangue para análise do HLA, antígeno leucocitário humano. Se houver compatibilidade com algum paciente, o doador será convocado para a coleta, a qual pode ser feita por punção no osso da bacia sob anestesia ou por aférese, um procedimento semelhante à doação de plaquetas, através das veias do braço..

A escolha do método de coleta é determinada pela equipe médica, conforme a necessidade do paciente, porém, nenhum procedimento ocorre sem o consentimento do doador. O Ministério da Saúde garante que todos os custos são cobertos pelo SUS e que os riscos ou desconfortos para o doador são mínimos.

O verdadeiro risco é a omissão. Milhares de vozes esperam a compaixão de um desconhecido.

Doar medula óssea é doar a essência da vida, um verdadeiro ato de humanidade.