Esqueci minha senha
Lázaro e Jesus: a vida devolvida e a vida oferecida

Diocese de Barretos - 9 de outubro de 2025

Lázaro e Jesus: a vida devolvida e a vida oferecida

Lázaro e Jesus: a vida devolvida e a vida oferecida

Compartilhar


Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.

Na Sagrada Escritura encontramos duas histórias que se tocam, mas que revelam realidades diferentes: a ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-45) e a ressurreição de Jesus (Jo 20,1-18). Ambas falam de vitória sobre a morte, mas de modos distintos, pois apontam para o mistério mais profundo da fé cristã: Cristo é a Vida em plenitude. Lázaro, amigo de Jesus, foi restituído à vida após quatro dias no sepulcro. Ao ouvir a ordem do Mestre — “Lázaro, vem para fora!” — ele retorna à existência terrena, ainda envolto em faixas mortuárias. Sua ressurreição é um sinal: mostra que o poder de Jesus vence a morte, mas não a elimina definitivamente. Lázaro voltou à vida biológica, limitada pelo tempo, e um dia voltou a morrer. Jesus, ao contrário, não foi simplesmente revivido. Ele ressuscitou para sempre, inaugurando a vida nova que não conhece a corrupção. O túmulo não o reteve, e as faixas que prendiam seu corpo foram deixadas para trás, sinal de libertação definitiva. A ressurreição de Cristo não é retorno ao passado, mas passagem para a eternidade. Ele é o primogênito dos mortos (Cl 1,18), abrindo para nós o caminho da vida eterna. Lázaro voltou a esta vida, para depois morrer novamente.  Jesus venceu a morte de uma vez por todas, ressuscitando para a glória sem fim. Enquanto a história de Lázaro aponta para o poder de Jesus sobre a morte, a Páscoa de Cristo é a vitória plena: não apenas um retorno à vida terrena, mas a inauguração da vida gloriosa que já não se perde. A ressurreição de Lázaro nos lembra que Jesus tem poder sobre nossas situações de morte interior: pecados, medos, desesperanças. Ele nos chama a sair de nossos túmulos existenciais e caminhar livres. Já a ressurreição de Jesus nos garante que o último inimigo, a morte, foi vencido. Assim, nossa esperança não é apenas de recomeços nesta vida, mas de plenitude na eternidade. Lázaro foi levantado, mas Jesus ressuscitou. Em Lázaro vemos o sinal; em Jesus, a realidade definitiva. O milagre feito em Betânia anunciava a Páscoa: aquele que chamou o amigo para fora do túmulo é o mesmo que, ao terceiro dia, saiu vitorioso do sepulcro e abriu para toda a humanidade as portas da vida eterna. Lázaro voltou para a vida que passa. Jesus ressuscitou para a vida que não tem fim. Entre o túmulo de Betânia e o sepulcro vazio de Jerusalém, aprendemos que a morte não é o ponto final, mas a porta pela qual se entra no eterno abraço de Deus.