Dia 01/10 foi o Dia Internacional do Idoso
O Diário - 15 de outubro de 2025

Cláudia Lima
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Enfrentar a doença de Parkinson com minha mãe diagnosticada desde 2014 foi a minha maior batalha. Em 2017 vimos a doença avançar sem pudor. Minha mãe foi andando cada vez com mais dificuldade apesar da fisioterapia ser frequente. Um dia ela caiu na fisioterapia. Uma vez que o idoso vai para cadeiras rodas, ele não retornará a andar. Segundo o Ministério da Saúde, a queda é considerada a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos. As quedas mataram 70.516 idosos, entre 2013 e 2022, no Brasil.
Depois que minha mãe passou a andar em cadeira de rodas, ela ainda viveu um ano e meio. As quedas cessaram por que ela não andava mais. Ela se tornou o ser mais frágil que eu conheci na vida. A fala foi quase que completamente perdida nesse último ano e meio também. As palavras que ela balbuciava era: te amo, boa noite, quero, cilma, Cícero, Matheus, gostei, adorei, amém, pai nosso. Ela mandava beijinhos. Isso ela mandava bem! E nós aproveitávamos. E ela comia morangos. Morangos vermelhos, doces e frescos.
Dentro dessa fragilidade ela ficou absolutamente dependente de mim e dos que a rodeavam mostrando o quanto um Lar acolhedor, amoroso e voltado para a atenção a esse idoso são fundamentais. Para além disso, cuidar de alguém tão dependente e que só evolui para a piora é extremamente desafiador por que nos coloca em contato direto com nossa finitude, com nossas saudades, com nossa pequenez, com nosso egoísmo.
A população idosa cresceu 56% desde 2010. A cada 6 pessoas, uma é idosa no Brasil, o que expõe a urgência de novas políticas públicas para essa população tão frágil e para que possamos combater violações de direitos humanos, violência patrimonial e desigualdades para as enfermidades.
Para os idosos, desejo carinho dos familiares, saúde e dignidade até o último suspiro.