Esqueci minha senha
Viver as virtudes

Diocese de Barretos - 5 de novembro de 2025

Viver as virtudes

Viver as virtudes

Compartilhar


Por Pe. Flávio Pereira, Vigário Catedral, Barretos-SP

Como é bom ser elogiado por algo que fizemos, pois isso demonstra o carinho e o reconhecimento por tudo o que fizemos. Uma vida virtuosa é pautada na humildade até mesmo diante do reconhecimento de algo. Dentro do contexto eclesial há quatro virtudes, as quais conhecidas como ‘cardeais’, uma vez que são como ‘dobradiças’, ou ligação com todas as demais virtudes: prudência, justiça, fortaleza e temperança. Estas virtudes já eram reconhecidas pelos filósofos gregos, como Platão e Aristóteles. Mas com o cristianismo há o aperfeiçoamento e a elevação delas no contexto da graça divina, uma vez que elas vão além de questões éticas e conduzem o homem ao caminho de sua santificação. Em uma singela definição, pode ser dito que a prudência é a que orienta a razão prática na escolha dos meios adequados para alcançar o bem, sendo considerada por Santo Tomás de Aquino como “a reta razão aplicada à ação”. Não distante a tal definição, o livro dos Provérbios diz que “o coração do sábio procura o conhecimento, mas a boca dos insensatos se alimenta de estultice (Pr 15,14)”. Quando envia os discípulos em missão, Jesus adverte: “Eis que vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas (Mt 10,16)”. A justiça, por sua vez, é a virtude que trabalha com a regulação das relações com o próximo, pois ela dá a cada um aquilo que lhe é devido. O profeta Miquéias, a resume do seguinte modo: “Foi-te revelado, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige de ti: que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus (Mq 6,8)”. Jesus apresenta a justiça indo além do âmbito humano e propõe a justiça do Reino, tendo por base a misericórdia e o amor: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados (Mt 5,6)”. A virtude da fortaleza, em meio às dificuldades e inconstâncias da vida, é aquela que dá firmeza, capacitando os cristãos no suporte das provações, dando forças até para enfrentar o martírio, se for necessário. Ela é essencial para o testemunho da fé. Paulo diz à comunidade de Corinto: “Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, sede corajosos, sede fortes (1Cor 16,13)”. Na carta aos Efésios, ele exorta: “Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do diabo” (Ef 6,11)”. A temperança é a virtude moderadora dos apetites e dos desejos, é ela que busca equilíbrio nos sentimentos humanos. É um antídoto contra desordens e vícios da vida. Paulo diz: “Todo atleta se impõe toda espécie de restrições; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível (1Cor 9,25)”. Elas dão forças ao cristão para servir a Deus e aos irmãos de formas melhores. Após jejuar no deserto, Cristo ensinou aos seus discípulos: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Mt 16,24)”.