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O Discernimento dos Sinais de Deus em Nossas Vidas

Diocese de Barretos - 7 de novembro de 2025

O Discernimento dos Sinais de Deus em Nossas Vidas

O Discernimento dos Sinais de Deus em Nossas Vidas

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Por Padre Pedro Lopes - Vigário Paroquial São Miguel Arcanjo – Miguelópolis-SP

Na leitura de do Evangelho de Lucas (cf. 12,54-59), o evangelista nos chama a refletir sobre a fundamental capacidade de interpretar os sinais dos tempos. Jesus, com uma observação perspicaz, aponta a contradição humana: as pessoas conseguem prever o clima, analisando a aparência das nuvens ou a direção do vento, mas falham em discernir algo de muito maior importância: o que Deus está fazendo em suas vidas. Ele nos alerta com clareza: “Não julgueis pelas aparências, mas julgai retamente.” Essa exortação é um convite direto para que desenvolvamos um olhar atento à presença de Deus em meio ao nosso cotidiano. Reconhecer os sinais divinos, a ação de Deus que se manifesta sutilmente em nossa história e na história do mundo, exige mais do que inteligência humana; requer discernimento espiritual, oração profunda e uma constante abertura de coração. Muitas vezes, estamos tão imersos nas preocupações imediatas e nos ruídos do dia a dia que a voz de Deus, que fala nos eventos e nas pessoas, passa despercebida. O tempo presente, com seus desafios, alegrias e dores, é o kairos, o tempo oportuno da salvação, e a inação por falta de percepção é uma grave negligência espiritual. Jesus, no entanto, não nos deixa apenas com a advertência, mas nos lembra da urgência da conversão e da reconciliação: “Enquanto ainda estais no caminho com o adversário, procurai reconciliar-vos rapidamente.” Essa passagem sublinha a importância de resolvermos prontamente os conflitos e as pendências em nossa vida. O "adversário" pode ser entendido como aquilo que nos afasta de Deus e do próximo: o ressentimento, a inimizade ou a injustiça. Cada momento de crise ou conflito é, paradoxalmente, um sinal e uma oportunidade para agirmos com justiça, buscarmos a paz e restabelecermos a comunhão. O convite de Jesus é para uma coerência entre o nosso conhecimento e as nossas atitudes. Ele espera que, se somos capazes de analisar o mundo natural com tanta precisão, sejamos ainda mais diligentes em analisar nossa vida espiritual. Cada gesto de amor, perdão e reconciliação que praticamos, cada momento em que optamos pela verdade e pela justiça, é uma resposta concreta aos sinais de Deus. São nessas escolhas que demonstramos ter julgado retamente e reconhecido o tempo da visita do Senhor. Portanto, somos chamados a cultivar um coração vigilante, capaz de ir além da superfície. A vida em comunidade, as necessidades dos mais pobres, os desafios da Igreja e até mesmo as nossas fraquezas pessoais são todos portadores de mensagens divinas. Que essa reflexão nos inspire a nos desvencilharmos da superficialidade, a buscar a graça da sabedoria espiritual e a responder com fé e prontidão ao chamado de Deus, interpretando os sinais divinos e agindo com a urgência da caridade. Que nossa fidelidade aos Seus chamados nos conduza à plena vida em Cristo.