Mau hálito constante pode indicar problemas de saúde, alerta especialista
Sandra Moreno - 19 de outubro de 2025
Aline é cirurgiã-dentista em Barretos e integrante da ABHA (Foto: Divulgação)
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Dentista explica causas e importância do diagnóstico precoce da halitose
A Associação Brasileira de Halitose (ABHA) realiza de 22 de setembro a 25 de outubro a Campanha Nacional de Combate ao Mau Hálito, com o tema “Mau hálito constante indica problema de saúde”.
De acordo com a ABHA, a halitose atinge cerca de 30% dos brasileiros em algum momento da vida e, embora muitas vezes seja associada apenas à higiene bucal, pode ter origem em doenças sistêmicas e alterações metabólicas.
Para explicar o tema e destacar a importância do diagnóstico precoce, O Diário entrevistou com a cirurgiã-dentista Aline Ferreira Borges, integrante da ABHA, que esclarece dúvidas e alerta para os cuidados necessários.
O DIÁRIO: A halitose é considerada um problema de saúde?
ALINE: Sim. A halitose é um problema de saúde pública. Na literatura brasileira, estima-se que 30% da população teve, tem ou terá halitose em algum momento. O mau hálito não é uma doença, mas uma condição que exige tratamento. Mesmo assim, ele tem grande relevância, pois pode sinalizar desequilíbrios no corpo, como doenças na cavidade oral ou no trato respiratório.
O DIÁRIO: Quais doenças podem estar relacionadas ao mau hálito?
ALINE: Ele pode indicar problemas respiratórios, como rinite, faringite, laringite, bronquite e pneumonia, além de alterações gastrointestinais. Embora muitas pessoas associem o mau hálito ao estômago, 90% das causas estão na cavidade bucal. Também pode estar ligado a distúrbios metabólicos, como diabetes, hipo ou hipertireoidismo, doenças autoimunes, tratamentos oncológicos, problemas hepáticos e renais. A boca, através do hálito, se torna um grande sinalizador dos problemas sistêmicos do corpo.
O DIÁRIO: A halitose pode atingir qualquer faixa etária?
ALINE: Sim. Crianças, adolescentes, adultos e idosos podem apresentar alterações no hálito. Nas crianças, costuma estar relacionada a alergias e infecções respiratórias. Nos adolescentes e adultos, pode ter ligação com baixa salivação, alterações hormonais e distúrbios fisiológicos. Já nos idosos, há uma redução natural do fluxo salivar e, muitas vezes, o uso de múltiplos medicamentos (a chamada polifarmácia) contribui para o problema.
O DIÁRIO: Há hábitos de vida que agravam o mau hálito?
ALINE: Sim. O baixo consumo de água, o uso excessivo de condimentos como alho, cebola e temperos prontos, além da suplementação sem orientação médica ou nutricional, podem alterar o hálito. O estilo de vida influencia diretamente na saúde bucal e sistêmica.
O DIÁRIO: Qual é a importância da campanha nacional de combate ao mau hálito?
ALINE: A campanha é fundamental para levar informação correta à população. O mau hálito constante pode impactar a autoestima, as relações pessoais e o desempenho profissional, podendo até levar a quadros de depressão. É um problema que precisa de tratamento sério, conduzido por profissionais habilitados, e não se resolve apenas com enxaguantes bucais, chicletes ou receitas milagrosas da internet.
O DIÁRIO: Que mensagem a senhora deixaria à população?
ALINE: Que o mau hálito persistente é um indicador de saúde. Ele pode sinalizar que o organismo está entrando em desequilíbrio ou já está desequilibrado há algum tempo. Buscar orientação especializada é fundamental. O hálito deve ser entendido como um sinal do corpo, e não como um tabu.



