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Emergências Oculares: você saberia o que fazer?

O Diário - 26 de outubro de 2025

Emergências Oculares: você saberia o que fazer?

SAÚDE: Os oftalmologistas dr. Fernando Heimbeck e dra. Daniela Monteiro de Barros, especialistas em oftalmologia pelo Wills Eye Hospital, no Estados Unidos, são orientadores da Liga Acadêmica de Oftalmologia da Facisb (laof)

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Especialistas alertam para os riscos e a importância do atendimento imediato

A visão é um dos sentidos mais preciosos do ser humano, mas muitas pessoas ainda subestimam a gravidade das emergências oculares. 

Situações como traumas, exposição a produtos químicos, corpo estranho ou perda súbita da visão exigem atendimento médico imediato para evitar sequelas permanentes.  A orientação é dos oftalmologistas Dr. Fernando Heimbeck, especialista em córnea e cirurgia refrativa (CRM-SP 104.673), e a Dra. Daniela Monteiro de Barros, especialista em glaucoma e plástica ocular (CRM-SP 109.939). Confira a entrevista. 

O DIÁRIO: O que é considerado uma emergência ocular?

DR. FERNANDO: Chamamos de emergência ocular qualquer situação que ameace a integridade do olho ou da visão e que precise de avaliação médica imediata. Isso inclui traumas oculares, queimaduras químicas, dor ocular intensa, perda súbita da visão, sangramentos, infecções graves ou presença de corpo estranho. O tempo é essencial nesses casos - minutos podem fazer diferença entre enxergar ou não.

O DIÁRIO: Quais são as causas mais frequentes nos pronto-atendimentos?

DRA. DANIELA: Os casos mais comuns envolvem traumas domésticos ou ocupacionais, como impacto com objetos, partículas metálicas, produtos de limpeza e acidentes com ferramentas. Também vemos muitos casos de conjuntivites graves, úlceras de córnea associadas ao uso inadequado de lentes de contato e fotoceratite, que é uma queimadura da córnea causada pela exposição inadequada à radiação ultravioleta, muito comum em soldadores que não usam proteção adequada.

O DIÁRIO: O que fazer em caso de queimadura ocular por produto químico?

DR. FERNANDO: A primeira atitude é lavar imediatamente os olhos com água corrente abundante, por pelo menos 15 minutos, antes mesmo de procurar o hospital. Essa irrigação reduz a concentração do agente químico e limita o dano à córnea e à conjuntiva. Nunca use colírios por conta própria e evite colocar panos ou compressas sem orientação médica.

O DIÁRIO: Um cisco ou corpo estranho sempre é motivo de emergência?

DRA. DANIELA: Depende. Pequenos resíduos superficiais podem causar apenas irritação, mas fragmentos metálicos, lascas de madeira ou vidro podem penetrar a córnea e causar infecção ou perfuração ocular. O ideal é não esfregar os olhos e procurar um pronto-atendimento oftalmológico para avaliação com microscópio e, se necessário, remoção segura do corpo estranho.

O DIÁRIO: E quando ocorre perda súbita da visão, o que pode estar acontecendo?

DR. FERNANDO: É uma das emergências mais sérias. Pode estar relacionada a oclusões vasculares da retina, descolamento de retina, hemorragias vítreas ou até inflamações severas do nervo óptico. Todas essas condições exigem atendimento urgente, pois o tratamento precoce é determinante para preservar a visão.

O DIÁRIO: Há sinais de alerta que indicam a necessidade de ir ao pronto-socorro oftalmológico?

DRA. DANIELA: Sim. Dor ocular intensa, visão borrada ou dupla, vermelhidão súbita, sensibilidade à luz, secreção purulenta, trauma direto no olho ou qualquer contato com substâncias químicas são sinais que não devem ser ignorados. O atendimento rápido pode evitar cicatrizes na córnea, infecções graves e até a perda irreversível da visão.

O DIÁRIO: Quais são os principais erros que as pessoas cometem nesses casos?

DR. FERNANDO: O mais comum é a automedicação — usar colírios sem prescrição, especialmente os que contêm corticoides. Eles podem mascarar sintomas e agravar infecções, levando à perfuração ocular. Outro erro é atrasar a ida ao pronto-socorro ou tentar remover corpos estranhos com cotonete ou pinça. O olho é uma estrutura delicada e precisa ser avaliado com instrumentos adequados.

O DIÁRIO: É possível prevenir emergências oculares?

DRA. DANIELA: Sim, a maior parte dos acidentes oculares é prevenível. O uso de óculos de proteção em ambientes de risco, cuidado com produtos de limpeza, e higiene rigorosa das lentes de contato são medidas simples e eficazes. Além disso, manter consultas oftalmológicas regulares ajuda a detectar doenças que podem evoluir silenciosamente e causar perda visual súbita.

O DIÁRIO: Qual a orientação final aos leitores?
DR. FERNANDO: A visão não tem substituto. Em qualquer situação de dúvida, dor ou alteração visual súbita, procure atendimento oftalmológico imediatamente.

DRA. DANIELA: Nunca espere “melhorar sozinho”. O olho é um órgão sensível e merece atenção imediata. Um cuidado rápido pode significar o futuro da sua visão.