O caos e a política
O Diário - 2 de novembro de 2025
Rogério Ferreira da Silva é cirurgião-dentista
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Deixa-me te contar o que você não viu nos portais nem na imprensa tradicional. Enquanto o país discutia a operação no RJ, sete governadores conversaram. Tem uma regra na política que diz que quando o governo não lidera, alguém lidera por ele. E foi isso que aconteceu. Ligação de emergência, nada de imprensa, nada de foto. Os nomes da sala? Tarcísio (SP), Zema (MG, Caiado (GO), Ibaneis (DF), Mauro Mendes (MT), Jorginho Mello (SC) e Ratinho Jr. (PR), Sete que podem eleger um presidente, ou ser um! Mas qual foi a pauta? Logística em peso. Quem manda tropa, quem manda helicóptero, quem entra primeiro, quem banca politicamente. É nessa mesa que se mede o poder, não em coletiva de imprensa. Enquanto isso em Brasília... silêncio. Nenhum gesto de liderança, nenhuma fala. O governo federal conseguiu uma proeza: unir todos os governadores da direita em uma mesma direção. Quer mais um detalhe? No mesmo dia, o Senado instala a CPI do Crime Organizado. Assinaturas necessárias eram 27, conseguiram 31 e quantas dessas foram do PT? Zero. Não tem como fingir que não é político. E numa tradução rápida, os governadores agiram na ponta, o Senado entrou pela via institucional, o Executivo ficou olhando. É assim que um governo perde a narrativa, não por derrota, mas por ausência. A direita não está “reagindo ao caos”, está testando articulação nacional. Se coordenam hoje uma operação, coordenam amanhã uma campanha, 2026 começou. E aqui vai um ponto que derruba qualquer análise rasa: Segurança pública não é pauta, é emoção, pois medo e sensação de controle elegem mais que qualquer ideologia. O eleitor não quer discurso, quer comando. Sete governadores entenderam uma coisa simples – quem resolve problema vira referência, enquanto quem hesita, vira espectador. Se governadores assumem o vácuo de liderança, quem está governando de fato? Um ótimo domingo para você.



