A Vocação Universal à Santidade
Diocese de Barretos - 13 de novembro de 2025
A Vocação Universal à Santidade
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Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.
Vivemos tempos marcados por incertezas, crises morais e perda de sentido. Diante desse cenário, a fé cristã ressurge como fonte de esperança e caminho de santidade. A esperança, virtude teologal que orienta o coração humano para Deus, é a força que sustenta o discípulo de Cristo em meio às adversidades da história. E a santidade, por sua vez, é a expressão concreta dessa esperança vivida no cotidiano. Ambas estão intimamente unidas: não há santidade sem esperança, nem esperança verdadeira sem desejo de santidade. Como recorda o Papa Francisco na exortação Gaudete et Exsultate, “o Senhor pede tudo, e aquilo que oferece é a verdadeira vida, a felicidade para a qual fomos criados” (n. 1). Ser santo é, portanto, viver na esperança da plenitude prometida por Deus, participando já agora da alegria do Reino. A esperança cristã tem uma raiz pascal. Ela nasce do mistério da morte e ressurreição de Cristo, que inaugura um mundo novo. O cristão não espera por uma utopia distante, mas por uma realidade já inaugurada em Jesus: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1,27). Santo Agostinho, ao meditar sobre a esperança, afirma: “A esperança tem duas filhas formosas: a indignação e a coragem — a indignação diante do que não deve ser e a coragem para mudar o que pode ser”. Assim, a esperança não é fuga do real, mas força transformadora, que move o crente à ação e o sustenta na luta por um mundo mais justo e fraterno. O Papa Bento XVI, na encíclica Spe Salvi, recorda que “a vida eterna não é um futuro longínquo, mas já começou na comunhão com Cristo”. Assim, viver em santidade é antecipar a esperança futura, tornando o presente mais luminoso, humano e divino. Atualmente, a esperança cristã é constantemente desafiada pelo desencanto, pela cultura do descarte e pelo individualismo. O mundo tenta convencer-nos de que nada vale a pena, de que a vida é breve e sem sentido. Contudo, o cristão é chamado a ser “sinal de esperança contra toda esperança” (cf. Rm 4,18). Ser santo hoje é acreditar que a misericórdia é mais forte que o pecado, que a paz é mais poderosa que a violência e que a vida tem um sentido eterno em Deus. É viver com esperança quando tudo convida ao desânimo. A santidade, nesse contexto, não é isolamento nem perfeccionismo, mas fidelidade perseverante à vocação de amar. É manter acesa a chama da esperança que ilumina as noites da humanidade. Santidade e a esperança cristã são como duas faces do mesmo mistério: ambas brotam do encontro com Cristo vivo. A esperança sustenta o santo, e a santidade testemunha a força da esperança. Num mundo ferido pela desesperança, o chamado à santidade é um convite a reacender a luz pascal nos corações. Ser santo é ser portador de esperança — é proclamar com a vida que o amor venceu a morte e que o Reino de Deus já começou em nosso meio. Como dizia Santo Agostinho, “a esperança tem um nome: chama-se Cristo”. E quem vive em Cristo, vive na santidade e caminha, passo a passo, rumo à plenitude da esperança eterna.



