Barretos: Fangio e Oliveira (parte II)
O Diário - 18 de novembro de 2025
KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora e ocupante da cadeira 7 da ABC - @profkarlaarmani
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Interessante imaginar o famoso piloto Juan Manuel Fangio, ainda pouco conhecido, andando pelas ruas de Barretos e suas estradas, naquele ano de 1941. O piloto argentino, junto ao conterrâneo Oscar Galvez, veio a Barretos no dia 9 de junho fazer a inspeção da prova que ocorreria semanas depois. Trouxeram uma carta formal do “Automóvel Clube do Brasil” para entregar ao prefeito, Fábio Junqueira Franco. Aliás, Barretos foi escolhida como trecho por ser “um dos grandes centros produtores de bovinos, zona rica”, conforme noticiou o “Jornal dos Sports”, em abril de 1941.
Nesta mesma reportagem, foi registrado que Barretos aceitaria ser parte da rota e que lançaria um piloto como “representante da terra”, o qual, além de esportista, era também criador de gado zebu. Assim, foi entusiasticamente anunciado o nome do jovem pecuarista José Amêndola Neto, piloto e conhecedor das estradas da região. (Há de se notar que 15 anos depois, Amêndola Neto tornou-se prefeito de Barretos). Ocorre que outro barretense fez parte da disputa da corrida automobilística, Eduardo de Oliveira (o que me faz suspeitar tratar-se do jornalista José Eduardo de Oliveira Menezes, entusiasta do esporte e exímio cronista de nossa terra). Isto é, dos 39 pilotos inscritos (sendo 24 concluintes), Eduardo de Oliveira, com seu Ford-V8, ficou na sexta posição com o tempo final de pouco mais de 55 horas, enquanto o vencedor Fangio finalizou com 43 horas e 12 minutos. Esplêndido esse achado histórico! Oliveira próximo a Fangio!
Quando o jornal “A Semana” noticiou a discreta visita de Fangio e Galvez a Barretos, eles nada disseram sobre as estradas da cidade. Porém, no “Jornal dos Sports”, o vencedor argentino declarou que: “Se não fossem os ‘mata-burros’, existentes principalmente nas etapas Uberaba-Goiânia-Barretos, poderíamos dizer que a estrada do longo percurso da prova não apresentava quaisquer obstáculos”.
O Rio de Janeiro, capital do Brasil, foi a largada e a chegada desse grande prêmio brasileiro de automobilismo, mas, foi o Sudeste, em seu vasto interior, a realidade dos corajosos pilotos ao volante. As estradas, a natureza, as cidades e o povo brasileiro foram o seu real percurso. E a nossa Barretos era parte dessa realidade. [fim].



