Duas mães, duas filhas, um Lar: uma família contemporânea
O Diário - 20 de novembro de 2025
Cláudia Lima
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Quem me conhece sabe que não gosto de gatos. Aliás, ouso dizer que minha falha de caráter é não gostar de animais. Dito isto, eu tive uma linda cachorrinha que cuidei como minha filha. A Bela. Belinha, Belota foi a primeira animal que me olhou com olhos de amor. Ela tinha um jeito expressivo que só se podia traduzir em amor. De todas as qualidades que uma schnauzer pode ter, as melhores da Bela eram sua serenidade. Ela teve 2 filhinhos e 2 filhinhas que foram doados. Viveu até os 14 anos como minha fiel protetora. Na verdade, ela foi muito mais minha tutora do que eu dela. Após 9 anos de juras de nunca mais ter animal- lembrem da minha falha de caráter- às vésperas do aniversário de 14 anos da minha filha, uma gata preta, doce, meiga, surgiu em casa. Não ia embora em hipótese alguma. Ela tinha um olhar diferente, os tais olhos de amor. Muito mansa e sossegada. Decidi então: ficaríamos com a gata! E eis que a felídea estava grávida! Pensem no meu desespero! Das 3 filhotes que a gata teve, minha filha está apaixonada pela branca e preta, a Bebê, esse é o nome que demos à filhote que não doamos e ficou conosco em casa. Assim ficamos mães com suas filhas: eu e minha filha e a gata e sua filhote fêmea. Se eu tivesse planejado que iria ter uma cópia da minha estrutura de família não teria dado tão certo. Vendo uma foto delas de hoje, percebo que nada é ao acaso. Nosso inconsciente está atento ao que faz sentido para nós. E faz muito sentido para mim e para minha filha, formarmos duas famílias de matriarcas fortes e cheias de coragem, sinônimo da família contemporânea. A Lua, como chamamos nossa gatinha, enfrentou o mundo para dar um lugar seguro para suas bebês. Eu enfrentei anos de tristeza, luto e dor durante anos para estar com minha filha e estar vivendo estes e os próximos quarenta anos mais felizes das nossas vidas.
Gosto de cachorros e gatos? Não. Mas gosto de cachorrinhas e gatinhas mansas que chegam até mim e me ensinam como é bom ter tutor em forma de animal, sobretudo quando essas animais são mães como eu. E, no fim, meus gostos também podem mudar.



