Como corredor amador há mais de 15 anos, tenho acompanhado com grande alegria a popularização da corrida de rua Brasil afora, com os incontáveis benefícios que esse democrático esporte traz a seus praticantes. Como corolário dessa popularização, houve um aumento exponencial na realização de eventos e provas de corrida, que contribuem sobremaneira para aumentar o interesse no esporte, e assim trazer mais e mais pessoas para a prática dessa atividade física.

Em Barretos não foi diferente, e, sobretudo nos últimos 3 ou 4 anos, observamos o surgimento de inúmeras corridas de rua, parte delas organizadas sem finalidade de lucro, e com a arrecadação de alimentos para posterior doação às entidades assistenciais. Entretanto, todo esse progresso, que beneficia à sociedade como um todo, está em risco, em razão da postura de algumas associações desportivas.

Neste ano de 2025, diversas provas de rua realizadas no estado de São Paulo receberam notificações de determinada federação privada, que diz promover o esporte, dando conta da proibição da realização do evento sem o “permit” concedido pela citada federação – mediante o pagamento de uma taxa, evidentemente.

Ocorre que o pagamento à federação, aliada a diversas exigências correlatas, inviabiliza a realização de pequenas provas, com valores módicos de inscrição, o que, ao fim e ao cabo, vai impactar negativamente o esporte que a entidade, em tese, deveria promover. Menos provas, e com inscrições invariavelmente mais caras, significa menos incentivo à corrida de rua. 

É importante deixar claro que a grande maioria dos participantes dessas provas de pequeno porte buscam apenas a diversão e a superação pessoal, pouco se importando com a “validação” da prova por uma federação cuja existência era até então ignorada pela quase unanimidade dos corredores amadores. 

Se as entidades que deveriam promover o esporte não compreenderem isso, arriscam-se tornar-se apenas mais um obstáculo no caminho de quem só quer correr, se divertir, e ter saúde, sem serem atrapalhadas por burocratas sedentos pelo recebimento de taxas.