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Uniformes e Biformes

O Diário - 23 de novembro de 2025

Uniformes e Biformes

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Mackenzie

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Gênero do adjetivo

Acredita-se que a concordância seja complexa, mas o adjetivo, ao se ligar a um nome, ilustra essa relação com clareza cristalina, dividindo-se em duas categorias de comportamento: a forma única e a forma dupla. Essa distinção formal entre adjetivos uniformes e biformes não é apenas uma curiosidade gramatical, mas um recurso que o usuário da língua domina para garantir a correta transmissão do gênero gramatical. Distinguir a economia formal das formas únicas da exigência das formas duplas é significativa para expressar ideias com precisão e correção.

Uma das categorias, de maior economia, é definida pela forma única e o sentido de concordância. Os adjetivos uniformes caracterizam tanto o masculino quanto o feminino sem alterar sua terminação, como o “interesse comum” e a “causa comum”, ou o “moço feliz” e a “moça feliz”. Essa invariabilidade gramatical demonstra uma simplicidade formal, promovendo uma concordância puramente semântica com o substantivo. Em termos práticos, essa característica confere agilidade ao discurso, pois cumpre a função de caracterização com eficácia, sem o peso da duplicação morfológica.

Em contrapartida, não se pode ignorar o rigor da flexão dos adjetivos biformes e as exceções morfológicas. Aliás, eles exigem uma forma para cada gênero gramatical: “o autor corajoso” e “a autora corajosa”, demandando do usuário o conhecimento das regras de flexão que se assemelham às do substantivo. No entanto, a precisão na escrita também exige o conhecimento das exceções, em que a flexão se dá por palavras diferentes, a exemplo do “homem mau” que se torna “mulher má”. Portanto, a exata aplicação dessas formas não é meramente uma formalidade, uma vez que evidencia o conhecimento do usuário sobre as categorias nominais da língua (falada ou escrita).

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Mackenzie