Vivaldi
O Diário - 25 de novembro de 2025
KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, cadeira 7 da ABC - @profkarlaarmani
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A crônica de hoje é imersa em arte, história e música.
A profissão da historiadora que escreve essas linhas é mesmo surpreendente. Fui convidada pelo maestro Franco Piérre, da Bravíssimo Cultura & Eventos, a pesquisar sobre a vida do maestro Vivaldi e duas de suas principais obras sacras, a escrever e apresentar meus textos no concerto “Gloria Aeterna: Antonio Vivaldi Musicae” na grandiosa noite do último domingo. Espetáculo da Bravíssimo!
A oportunidade de pesquisar sobre Vivaldi foi vivificadora, pois trata-se de um dos maiores compositores da humanidade, um dos mais conhecidos – embora sua obra tenha sido redescoberta e revelada apenas duzentos anos após sua morte. É sempre assim com os gênios. Escrever uma biografia curta de Vivaldi foi um desafio, pois em sua vida de 63 anos ele compôs mais de 400 concertos e 46 óperas, além de ter vivido uma trajetória envolvendo sua arte na religiosidade, na academia e no mundo popular.
Vivaldi viveu entre 1678 e 1741, período do Barroco europeu, movimento artístico que se manifestava por temas religiosos. Ao me deparar com a vida do músico, que antes das óperas tentou ser padre (il prete rosso, o padre ruivo), intimamente percebi que Vivaldi era o próprio barroco. Sua vida foi marcada pelos mesmos contrastes, dualismos, dramaticidade e exuberância. Basicamente, dois principais palcos lhe serviram em Veneza: o orfanato Ospedale dela Pietà (sagrado) e o Teatro Sant’Angelo (profano).
Além de sua vida, pude apresentar as duas principais obras do concerto, que embora sejam tão antigas, tiveram a versão de Vivaldi do século XVIII apresentada ao público: Stabat Mater (canto litúrgico do século XIII sobre as dores de Maria frente à morte de seu filho Jesus) e Gloria In Excelsis Deo (hino escrito no século II no Oriente e levado à tradição cristã ocidental no século IV). Trata-se de grandes obras da música sacra, as quais tive a honra de estudar e apresentar a um público que admira música clássica regada à História.
Que honra. Minha gratidão pela oportunidade de exercer meu ofício em consagração à música. E na minha cidade. Os aplausos ainda ecoam.



