A luz da salvação e o Altar simples da Manjedoura
Diocese de Barretos - 23 de dezembro de 2025
Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos
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Estamos a poucas horas de celebrar a grande festa do Natal, o nascimento de Jesus, que veio ao mundo para nos indicar o caminho da salvação: amar e servir aos irmãos e viver a reconciliação. Para quem percorreu com perseverança toda a trajetória das quatro semanas do Advento propostas pela Igreja, o coração está certamente mais fortalecido e preparado para acolher o Salvador. É através da confissão e da perseverança espiritual que avançamos em nossa caminhada de fé. Hoje, a Palavra de Deus na liturgia reflete o momento histórico da nossa salvação através do relato do nascimento de João Batista (Lc 1,57-66). João, como sabemos, veio para preparar os caminhos do Senhor. A ação transformadora de Deus é simbolizada pela profecia de Zacarias, cujo silêncio é quebrado: sua boca se solta e ele começa a louvar a Deus. Um novo tempo estava por vir, o tempo da Salvação. Que neste tempo lindo e iluminado, possamos também abrir os nossos lábios para louvar a Deus pela luz que brilhou em meio às trevas e nos trouxe a Redenção. O Natal é o tempo de revestir-se de Cristo. Viver o natal é contemplar o cenário humilde e austero do nascimento de Jesus. A Palavra de Deus nos revela que o Salvador não veio ao mundo em um palácio, mas foi deitado em uma manjedoura, o cocho onde os animais comiam. Este detalhe, aparentemente simples, é carregado de um profundo mistério teológico. A manjedoura simboliza o despojamento radical de Deus, que se faz pequeno para que possamos alcançá-Lo. Ele escolhe a simplicidade e a pobreza para nos mostrar que o Seu Reino não se estabelece pelo poder e pela riqueza, mas pela humildade e pelo serviço. Mais do que isso, a manjedoura prenuncia o dom de Jesus na Eucaristia. Ele, que foi colocado no lugar do alimento dos animais, se torna o Pão Vivo descido do Céu, o alimento da vida eterna para a humanidade. O presépio é, assim, o primeiro altar onde o Cordeiro de Deus se oferece a nós. Neste Natal, que o símbolo da manjedoura nos inspire a desapegarmo-nos do supérfluo e a abrir o coração para acolher Jesus em Sua simplicidade. Que possamos reconhecê-Lo nos lugares e nas pessoas mais simples, especialmente naqueles que têm fome – não apenas de pão, mas de amor, esperança e dignidade.



