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A assistência odontológica aos surdos e mudos

fabio-luiz-scannavino - 18 de junho de 2022

A assistência odontológica aos surdos e mudos

Dr. Fábio Luiz Ferreira Scannavino Cirurgião-Dentista e Gestor em Saúde pela UnB/DF

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No último censo realizado no Brasil, a pesquisa realizada pelo IBGE revelou que no Brasil existem quase 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva. A inclusão de pessoas com deficiência é um tema que tem vindo à tona nas discussões de nível global e nacional na tentativa de levar um melhor acesso à educação e aos serviços de saúde. Apesar da existência de legislação específica é possível observar que há uma distância entre o direito e a realidade prática encontrada pelos indivíduos surdos no acesso aos serviços de saúde, principalmente pela barreira da comunicação. O atendimento ao paciente surdo representa um grande desafio para os profissionais da saúde, por não estarem capacitados para interpretar a língua de sinais, precarizando uma atenção integral e individualizada, interferindo na relação profissional/paciente.

Diante das dificuldades que o surdo enfrenta na busca pelo atendimento odontológico, uma delas é a falta de um serviço com recursos eficientes para atendê-los, respeitando suas limitações. Isso os leva a depender de outras pessoas para acessar os serviços de saúde, tornando esses pacientes, sujeitos passivos em seu próprio processo de autocuidado. A eliminação dos obstáculos geográficos, comunicativos, arquitetônicos ou atitudinais é uma das maneiras de organizar melhor os serviços de saúde, bem como as suas ações e serviços, garantindo o acesso aos pacientes. Deste modo, é fundamental que cirurgiões-dentistas e os demais profissionais da saúde tenham em mente que deve ser construído um processo genuíno de comunicação e de confiança dentro e fora do ambiente de trabalho entre as pessoas com e sem deficiência, de forma a inserir surdos e ouvintes no mesmo contexto.

A melhoria deve ocorrer por meio da aquisição de conhecimento em Língua de Sinais por parte dos profissionais, com o intuito de desenvolver no paciente a autonomia no processo de autocuidado e de poder ofertar uma integralidade maior no atendimento odontológico, desde o processo de acolhimento até a construção do vínculo com o profissional.