Por Padre Pedro Lopes - Vigário Paroquial São Miguel Arcanjo – Miguelópolis-SP

O Evangelho de Lucas (16,1-8), nos convida a uma profunda reflexão por meio da enigmática parábola do administrador infiel. Jesus, ao narrar a história desse administrador desonesto que age com esperteza para garantir seu futuro, nos chama a refletir sobre a sabedoria, a prudência e a responsabilidade na gestão dos bens que nos foram confiados. A lição central é clara: todos somos administradores dos dons de Deus, e a maneira como utilizamos esses recursos – sejam eles materiais, espirituais ou temporais – pode gerar grandes frutos ou, ao contrário, causar sérios prejuízos. Esta parábola vai muito além de uma simples lição de economia. Ela é um poderoso ensinamento sobre a ética da vida cristã. Deus nos concede inestimáveis talentos, tempo, recursos e oportunidades; a forma como os empregamos no dia a dia é o que verdadeiramente revela a nossa fé e o nosso compromisso com a expansão do Reino. Não se trata apenas de acumular, mas de usar com prudência, honestidade e generosidade para o bem comum. O paradoxo da parábola reside no elogio à astúcia do administrador. Jesus não elogia sua desonestidade, mas sim sua inteligência e prontidão em agir diante de uma crise. Essa atitude nos aponta para a importância da astúcia espiritual: devemos ser tão diligentes em perceber os sinais de Deus e agir em conformidade com o Evangelho quanto o administrador foi em relação ao seu futuro material. É um chamado a não adiar a conversão e a usar todos os meios lícitos e inteligentes para garantir o nosso futuro eterno. Que esta reflexão nos inspire a usar tudo o que recebemos – nossa energia, nosso tempo, nossos bens – não para benefício próprio e imediato, mas com uma visão de longo prazo e eternidade. Que possamos agir com a sabedoria do Reino, aplicando a prudência e a generosidade para edificar o Reino de Deus e deixar frutos duradouros em nossa comunidade e na vida de cada pessoa que encontramos.