A cavidade oral humana é densamente colonizada por diversos microrganismos nas superfícies intraorais, que são constantemente eliminados na saliva. Normalmente, os organismos destacados ingeridos com a saliva são transportados através do esôfago para o estômago e são então inativados pelo ácido gástrico e enzimas proteolíticas. No entanto, deficiências na deglutição e o refluxo da tosse com o envelhecimento, permitem a aspiração para o trato respiratório inferior e subsequente infecção pulmonar. Os distúrbios da deglutição são altamente prevalentes em pacientes idosos com pneumonia, que é uma das principais causas de morte entre os idosos.

A higiene bucal realizada com a escova e o fio dental diminuem a carga microbiana da boca, sendo reconhecidamente eficaz para reduzir a taxa de mortalidade de pneumonia por aspiração e, introduzida como cuidado da enfermagem padrão para idosos frágeis hospitalizados ou em casas de repouso. Embora a saliva aspirada contenha microrganismos diversos, sua composição bacteriana indica que a fonte dominante é a microbiota formada sobre a língua. O dorso da língua possui uma grande superfície com estruturas papilares, que podem reter inúmeros microrganismos. Estas características implicam numa atenção cuidadosa à microbiota da língua em idosos suscetíveis a deficiências de deglutição; além disso, o aumento da saburra lingual (placa branco-amarelada), sobretudo em idosos sem dentes, são fatores fortemente associados à pneumonia aspirativa e estado febril.

Os estudos na área sugerem que idosos com um quadro de saúde mais frágil e que também possuem uma condição bucal precária, como: a falta total ou parcial dentes, higiene bucal deficitária, lesões de cárie e doença periodontal instaladas estejam mais susceptíveis ao comprometimento respiratório. Sendo assim, a presença do cirurgião-dentista torna-se fundamental na identificação e resolução destes problemas.